Supremo moçambicano pede “paciência” nas investigações a homicídios de polícias

Maputo, 28 out 2025 (Lusa) – A vice-presidente do Tribunal Supremo (TS) moçambicano manifestou hoje preocupação com a onda de homicídio de polícias, mas pediu “paciência” para que as autoridades investiguem e esclareçam estes crimes.

“As instituições adstritas à investigação estão a trabalhar para que nós possamos ter esclarecidos estes assassinatos. O que poderia dizer é que devemos ter um pouco de paciência, todos nós, para que possamos ver os crimes esclarecidos”, disse a vice-presidente do TS, Matilde de Almeida, em declarações aos jornalistas durante uma visita de trabalho à província de Maputo, sul do país.

O último caso, de pelo menos seis do género só nos arredores de Maputo, envolveu uma comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM), morta com vários tiros ao princípio da noite de 23 de outubro, confirmou no mesmo dia à Lusa fonte da corporação, decorrendo investigações.

Em declarações aos jornalistas, a responsável do TS disse que é interesse da justiça ver estes crimes esclarecidos, pedindo, por isso, que se tenha paciência para que as instituições investiguem e os casos possam ser julgados.

“Acompanho estas mortes com muita indignação, muita preocupação como cidadã, porque nós defendemos a vida. A nível da instituição, o Tribunal Supremo está naturalmente preocupado porque estas são questões preocupantes, mas neste momento é prematuro dizer algo mais”, disse a vice-presidente do TS.

O ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos de Moçambique admitiu na segunda-feira existir uma “preocupação muito grande” com a onda de homicídios de polícias, pedindo ao Ministério Público para investigar e responsabilizar os autores dos crimes.

No último caso, a comandante distrital de Marracuene, na província de Maputo, sul do país, segundo fonte da corporação, foi alvejada no interior de uma viatura ao longo da Estrada Circular, no município da Matola.

Este foi o sexto evento violento do género na Matola, município nos arredores da capital, desde junho, e nos quais estiveram envolvidos agentes da polícia moçambicana.

O caso anterior aconteceu a 01 de outubro, em que a polícia moçambicana confirmou que um agente do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) foi visado e ferido no tiroteio que provocou a morte de duas pessoas, atingidas por balas perdidas, na Matola, arredores de Maputo.

Outro caso aconteceu na manhã de 09 de setembro, com um sargento principal alvejado mortalmente quando se encontrava no interior da sua viatura, numa zona denominada Mangueiras, área de jurisdição da sétima esquadra da polícia, no bairro T3, na província de Maputo.

Em 04 de julho, pelo menos quatro pessoas foram mortas numa troca de tiros com agentes da PRM durante uma operação para impedir um assalto a uma empresa de construção civil na Matola.

Em 02 de julho, a PRM confirmou o homicídio de dois agentes da corporação, com 54 tiros, na manhã desse dia, e ferimentos por bala de uma mulher de 78 anos, também na Matola, arredores da capital moçambicana.

O primeiro caso aconteceu igualmente na Matola, na noite de 11 de junho, quando um agente da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) da PRM foi morto com cerca de 50 tiros, no bairro Nkobe, por três homens até ao momento não identificados.

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