Putin diz ter recebido de Netanyahu intenção de não confrontar o Irão

Moscovo, 09 out 2025 (Lusa) – O Presidente russo declarou hoje que recebeu do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a informação de que não procura um confronto com o Irão e espera alcançar uma resolução no conflito entre os dois países.

“Continuamos a manter contactos de confiança com Israel e estamos a receber sinais da liderança israelita a pedir-nos para transmitir aos nossos amigos iranianos que Israel está empenhado numa resolução”, disse Vladimir Putin em Duchambé, capital do Tajiquistão, onde está a decorrer a cimeira Rússia-Ásia Central.

Nesse sentido, Putin realçou que Israel “não está interessado em qualquer tipo de confronto” com Teerão, após o conflito de 12 dias entre os dois países, em junho passado, justificado por Telavive com o programa nuclear da república islâmica.

“A situação em torno do programa nuclear do Irão só pode ser resolvida através da diplomacia e da negociação. Não há alternativa razoável”, declarou.

O líder do Kremlin referiu que também mantém um contacto próximo com o Irão, indicando que as autoridades de Teerão desejam “retomar a cooperação construtiva com a Agência Internacional de Energia Atómica [AIEA]”.

O Presidente russo lembrou que também já discutiu o programa nuclear iraniano com o diretor da AIEA, Rafael Grossi.

Vladimir Putin chegou na quarta-feira ao Tajiquistão para uma visita de três dias, que hoje foi marcada por encontros com lideres de antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central.

Esta viagem atraiu críticas de organizações de defesa dos direitos humanos, uma vez que o Tajiquistão reconhece o Tribunal Penal Internacional (TPI), que, em março de 2023, emitiu mandados de detenção contra o líder do Kremlin e contra a comissária russa para os direitos da criança, Maria Lvova-Belova, pelo papel de ambos na deportação forçada de menores ucranianos.

O TPI instou hoje o Tajiquistão a cumprir as obrigações e a deter o Presidente russo.

Numa carta enviada ao Tajiquistão na terça-feira e tornada pública hoje, Päivi Kaukoranta, presidente da Assembleia dos Estados Partes do Estatuto de Roma (o tratado do TPI), sublinha que os países-membros têm a obrigação legal de cooperar plenamente com o tribunal, o que inclui a detenção e a entrega de indivíduos procurados.

“A capacidade do Tribunal para cumprir o mandato depende do cumprimento, por parte dos Estados, das obrigações de cooperação, especialmente no que respeita à detenção e à entrega de pessoas sujeitas a mandados de detenção”, alerta o documento.

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