Polémica nas eleições do Comité Olímpico guinenese preocupa instâncias internacionais

Bissau, 16 jul 2025 (Lusa) — A Associação dos Comités Olímpicos Nacionais de África (ACNOA) instou o Comité Olímpico da Guiné-Bissau a acabar com a ingerência do Governo nas eleições daquela organização desportiva, refere uma nota a que a Lusa teve hoje acesso.

O documento da ACNOA, endereçado ao presidente cessante do Comité Olímpico guineense, Sérgio Mané, exorta ainda as partes a trabalharem para que as eleições, interrompidas pelo Governo no passado dia 05 de julho, tenham lugar no mais curto espaço de tempo possível.

Por ordens das autoridades, um contingente da Polícia de Ordem Pública (POP) entrou nas instalações do Comité Olímpico em Bissau, obrigando à interrupção do ato eleitoral que deveria opor Eugénio de Oliveira Lopes, secretário-geral da direção cessante, e Fernando Arlete, antigo atleta olímpico.

“Fomos informados de uma situação preocupante do vosso Comité Olímpico Nacional na sequência da interrupção da vossa Assembleia-Geral eletiva que estava prevista para o dia 05 de julho de 2025, por decisão das autoridades governamentais”, lê-se na nota da ACNOA.

No documento dirigido a Sérgio Mané, a organização olímpica africana considera “lamentável e uma manifesta ingerência” das autoridades, o que, é contrária à Carta Olímpica e o princípio fundamental do Movimento Olímpico que se baseia na autonomia”.

Fontes ligadas ao processo adiantaram à Lusa que desde o dia 05 de julho que elementos da POP permanecem nas instalações do Comité Olímpico em Bissau.

A ACNOA faz saber que teve conhecimento de “conversações positivas e construtivas” em curso entre as autoridades, a fim de “retificar rapidamente” a situação, mas exorta o Comité Olímpico guineense, a “tudo fazer” para que as eleições quadrienais tenham lugar nos próximos tempos, “sem qualquer tipo de ingerência”.

Na nota, a ACNOA insta o Comité Olímpico guineense a permitir que todas as federações participem na assembleia geral eletiva, desde que tenham sido reconhecidas pelas respetivas federações internacionais da modalidade.

Devem participar nas eleições 14 federações, nomeadamente do atletismo, andebol, basquetebol, luta, canoagem, judo, ténis, voleibol, ténis de mesa, ciclismo, desporto aquático, futebol, taekwondo e desporto de inverno.

As fontes ligadas ao processo eleitoral explicaram à Lusa que uma das partes se queixou ao Governo da possibilidade de algumas federações, cujas direções estão caducas, ou cujas modalidades não praticadas no país, possam participar no processo eleitoral, o que consideram de ilegalidade.

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