
Évora, 14 jul 2025 (Lusa) — O líder parlamentar do PSD recusou hoje que tenha caído nas últimas semanas o compromisso do partido de dizer “não é não” ao Chega, defendendo que tal só se aplicava a coligações pré-eleitorais ou acordos formais após as eleições.
Na intervenção de abertura nas jornadas parlamentares do PSD/CDS-PP, em Évora, Hugo Soares lamentou ter ouvido, nos últimos dias, alguns comentadores acusá-lo de ser “o coveiro do não é não”, após negociações parlamentares com o Chega, sobretudo nas leis da imigração.
“Quanto ao não é não, eu não perderei muito tempo a repetir aquilo que nós dissemos vezes sem conta em campanha eleitoral ou fora da campanha eleitoral: nós dissemos e repetimos que não faríamos um governo de coligação pré-eleitoral com o Chega e dissemos ‘não é não’, nós não governaremos numa coligação pós-eleitoral com o Chega”, afirmou.
Quanto ao diálogo parlamentar com o partido liderado por André Ventura, Hugo Soares salientou que existiu na anterior legislatura: “Então o ‘não é não’ já caiu foi há dois anos, também na anterior legislatura disse publicamente que falei e negociei várias vezes com o Chega, falei e negociei várias vezes com o Partido Socialista”, contrapôs.
O líder parlamentar do PSD defendeu que “uma coisa são maiorias parlamentares formais” às quais a AD continuou a dizer “não é não” ao Chega.
“Outra coisa, bem diferente, é nós conversarmos democraticamente com todos os partidos com expressão parlamentar. E como sempre dissemos que era isso que nós íamos fazer”, afirmou.
Hugo Soares referiu que, quer ele quer o primeiro-ministro, quando questionados – antes das eleições ou mesmo depois – com quem iam governar, sempre responderam “com todos”.
“Eu disse várias vezes: nós vamos falar com o PS, que é um partido fundador histórico da nossa democracia, nós vamos falar com o Chega, como segunda maior força política com representação parlamentar”, afirmou, estendendo essa disponibilidade à IL e “até à extrema-esquerda”, se esses partidos tivessem interesse.
Para o líder parlamentar do PSD, as últimas semanas “foram lapidares” quanto a esse diálogo com vários partidos.
“Nós viabilizámos uma descida de impostos para as pessoas que trabalham com o PS e com o Chega a viabilizar. Nós criamos uma polícia de Unidade de Estrangeiras e Fronteiras com o PS e o Chega a viabilizar”, exemplificou, cumprimentando esses dois partidos por terem “aderido às ideias da AD” que há um ano rejeitaram, no caso da nova unidade especial.
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