Professores do Panamá retomam aulas após greve de mais de dois meses

Cidade do Panamá, 12 jul 2025 (Lusa) — O Governo do Panamá e os sindicatos de professores concordaram em retomar as aulas a partir de segunda-feira, pondo fim a uma greve iniciada em 23 de abril contra a reforma da segurança social.

O acordo, alcançado na sexta-feira, estabelece o regresso dos professores aos postos de trabalho e a retoma “de forma ininterrupta” do ensino presencial na segunda-feira, “a partir do início do período da manhã”.

O documento refere ainda que “não haverá lugar ao pagamento de salários por dias não trabalhados” e que qualquer processo instaurado sobre o assunto será tramitado de acordo com a lei, respeitando o devido processo legal e as decisões judiciais.

O Ministério da Educação comprometeu-se a colaborar com os diretores das escolas “para resolver com celeridade os recursos interpostos” e a não dar início a processos administrativos contra os professores que aderiram à greve.

O acordo foi assinado por 15 sindicatos da educação, faltando apenas assinar quatro organizações, que ainda estão em consulta.

O líder dos professores, Edy Pinto, disse aos jornalistas que o governo é responsável pela greve, “ao impor uma lei que piora as condições de vida de todos os pensionistas deste país no futuro”.

Os sindicatos alegam que a reforma baixa as pensões, privatiza o sistema e leva ao aumento da idade da reforma.

O Governo garante que a lei resolve a crise financeira que colocou um dos dois subsistemas de segurança social à beira da falência.

Em 23 de abril, alguns sindicatos de professores e trabalhadores da construção civil iniciaram uma greve contra a lei que reforma o Fundo de Segurança Social, que enfrenta há anos uma grave crise financeira.

A reforma, proposta pelo Governo, desencadeou protestos ilegais com bloqueios de estradas que levaram a graves confrontos entre a polícia e os manifestantes.

Uma das situações mais graves ocorreu em Bocas del Toro, com o corte de comunicações terrestres e despedimentos em massa de trabalhadores na província, que é em grande parte uma ilha e economicamente dependente dos setores da banana e do turismo.

Na província, a empresa de banana Chiquita Panamá, subsidiária da Chiquita Brands, com sede nos Estados Unidos, despediu 6.500 diaristas e funcionários administrativos, depois de ter alegado prejuízos superiores a 75 milhões de dólares (65 milhões de euros) causados pela greve.

No início de junho, o sindicato bananeiro do Panamá comprometeu-se a suspender os bloqueios de estrada, organizados por trabalhadores em greve, depois de ter assinado um acordo com os deputados para resolver a crise.

Mas os bloqueios mantiveram-se porque grupos, identificados pelas autoridades como sindicalistas, não reconheceram o acordo.

Em 16 de junho, a polícia deteve um dirigente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Banana, Francisco Smith, figura-chave no bloqueio.

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