Movimento lança campanha para afastar ex-MNE alemã de liderança da ONU

Berlim, 12 jul 2025 (Lusa) — Um grupo “progressista pan-europeu” lançou uma campanha para impedir a ex-ministra dos Negócios Estrangeiros (MNE) da Alemanha, Annalena Baerbock, de assumir a presidência da Organização das Nações Unidas (ONU) por alegadas simpatias por Israel.

“Lançámos esta iniciativa porque Annalena Baerbock é cúmplice de genocídio. Ninguém com tal historial deveria estar próximo da liderança das Nações Unidas”, disse a porta-voz Kinza Saleem em nome do autodenominado DiEM25, “movimento progressista pan-europeu” que defende uma “revolução democrática” contra “os oligarcas que governam a Europa”.

Baerbock foi eleita como presidente da 80.ª sessão da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) a 02 de junho com 167 votos dos 88 necessários para garantir a posição.

“Sob a sua gestão como ministra dos Negócios Estrangeiros, foram exportados para Israel 485 milhões de euros em armas, alimentando o genocídio em Gaza. Baerbock bloqueou os apelos de cessar-fogo a nível da União Europeia, justificou os ataques a civis, rejeitou a criação de um Estado palestiniano e enfrenta agora uma queixa-crime na Alemanha por auxílio e cumplicidade em genocídio”, acrescentou.

Kinza Saleem alegou que a campanha do movimento lançado pelo ex-ministro das Finanças grego Yannis Varoufakis “já está a ganhar força” com apoio popular de ativistas, defensores dos direitos humanos, grupos de solidariedade palestiniana e cidadãos preocupados em toda a Europa e fora dela.

“A nomeação de Baerbock (…) envia uma mensagem devastadora ao mundo, que o direito internacional já não importa, que os crimes de guerra não têm consequências e que a impunidade é recompensada ao mais alto nível”, sustentou.

Desde o lançamento da petição, já receberam mais de 30 mil assinaturas e mais de 14 organizações como as Mulheres pela Paz da Finlândia ou a BAP — Aliança Negra pela Paz.

Embora a função de presidente da Assembleia-Geral não tenha a mesma importância do cargo de secretário-geral das Nações Unidas, o facto de ser uma mulher é considerado altamente simbólico num momento em que crescem os pedidos para que a liderança da ONU também seja ocupada por uma mulher, algo que nunca aconteceu antes.  

Após a eleição da política alemã, o secretário-geral da ONU, António Guterres, recordou que Annalena Baerbock chega ao cargo “num momento difícil e incerto para o sistema multilateral”, com conflitos, catástrofes climáticas, pobreza e desigualdade a continuarem “a desafiar a família humana”.

O movimento internacional DiEM25 defende que Baerbock é “uma criminosa de guerra” e que o seu lugar “é em Haia, não na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque”.

Israel combate na Faixa de Gaza contra o movimento islamita Hamas, responsável pelo pior ataque de sempre em solo israelita, com cerca de 1.200 pessoas mortas e mais de duas centenas raptadas.

A retaliação israelita já fez mais de 57 mil mortos na Faixa de Gaza, de acordo com o Hamas.

 

 

JYD//APN

Lusa/Fim