
Havana, 12 jul 2025 (Lusa) – O Governo de Cuba desvalorizou as sanções impostas pelos Estados Unidos ao Presidente da ilha, Miguel Díaz-Canel, e a outros altos funcionários, e garantiu que Washington “não tem capacidade para subjugar” o povo cubano.
“Os Estados Unidos são capazes de impor sanções migratórias contra os líderes revolucionários e manter uma guerra económica prolongada e implacável contra Cuba”, denunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros cubano.
Mas Washington “não tem capacidade para subjugar a vontade deste povo ou dos seus líderes”, sublinhou Bruno Rodríguez, na rede social X, na sexta-feira.
Horas antes, o Departamento de Estado norte-americano anunciou a imposição, pela primeira vez, de sanções a Miguel Díaz-Canel, pela primeira vez, pelo envolvimento em “graves violações de direitos humanos” no âmbito dos protestos antigovernamentais de 11 de julho de 2021.
Durante aqueles protestos em Cuba foram presas mais de 1.400 pessoas, algumas delas ainda permanecem detidas.
O secretário de Estado Marco Rubio disse em comunicado que Díaz-Canel e outros “líderes-chave do regime” foram designados ao abrigo da “Secção 7031(c) pelo seu envolvimento em graves violações dos direitos humanos”, o que significa que estão impedidos de entrar nos EUA.
A proibição de viajar também se aplica ao ministro da Defesa, Álvaro López Miera, e ao ministro do Interior, Lázaro Alberto Álvarez Casas, bem como às suas famílias.
“Há quatro anos, milhares de cubanos saíram pacificamente às ruas para exigir um futuro livre da tirania. O regime cubano respondeu com violência e repressão, detendo injustamente milhares de pessoas, incluindo mais de 700 que permanecem detidas e sujeitas a tortura ou abuso”, adianta a declaração de Rubio.
Outras medidas dos Estados Unidos incluem restrições de vistos a “numerosos funcionários judiciais e prisionais”, que são alegadamente cúmplices ou responsáveis pela “detenção injusta e tortura de manifestantes de julho de 2021”, acrescentou o secretário, que é de ascendência cubana.
Washington acrescentou 11 hotéis à lista de propriedades restritas e alojamentos proibidos em Cuba, que inclui empresas e propriedades ligadas “ao regime” e às Forças Armadas Revolucionárias de Cuba.
Esta é a primeira vez que o presidente cubano é alvo de sanções por parte do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que apresentou um memorando a 30 de junho que pretendia acabar com “práticas económicas que beneficiam desproporcionadamente o Governo cubano, as forças armadas, os serviços secretos ou as agências de segurança à custa do povo”.
A sanção contra Díaz-Canel coincide com o quarto aniversário das manifestações de 11 de julho, um dos maiores protestos contra o Governo cubano na história recente do país, face à agitação provocada pela crise resultante da pandemia de covid-19, racionamento de alimentos e escassez de medicamentos.
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