
Maputo, 08 jul 2025 (Lusa) – A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) apelou à investigação dos “atos de barbaridade” contra cidadãos e polícias, após três casos de homicídios violentos nos arredores de Maputo em menos de um mês.
De acordo com um comunicado da comissão política da Frelimo, o assunto foi abordado na 51.ª sessão ordinária que decorreu em Maputo, na segunda-feira, presidida pelo líder do partido e chefe de Estado, Daniel Chapo, com aquele órgão a afirmar que “condena os atos de barbaridade praticados contra os cidadãos e agentes da Polícia da República de Moçambique” (PRM).
A comissão política do partido, no poder em Moçambique desde 1975, acrescenta que “considera uma afronta a ordem e tranquilidade públicas” os casos que têm acontecido no país.
“Pelo que insta os órgãos competentes a investigarem e esclarecerem os casos, bem como apela a maior colaboração da população para o combate à criminalidade”, lê-se no comunicado.
Três das quatro pessoas que morreram na sexta-feira na Matola, arredores de Maputo, numa troca de tiros com a polícia, pertenciam ao grupo de mais de 1.500 reclusos evadidos da cadeia em dezembro, anunciou no domingo a polícia.
“Foi possível identificar três dos quatro malogrados. Os mesmos são foragidos da cadeia desde o mês de dezembro do ano de 2024 e são arguidos de vários crimes como rapto, roubo e homicídios”, disse à Lusa o porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal, Hilário Lole.
Em causa estão quatro pessoas mortas numa troca de tiros com agentes durante uma operação para impedir um assalto de uma empresa de construção civil na Matola, nos arredores de Maputo.
Este foi o terceiro evento violento do género na Matola em menos de um mês, tendo sido agentes da polícia moçambicana as vítimas nos dois primeiros casos.
A PRM confirmou na passada quarta-feira o homicídio de dois agentes, com 54 tiros, na manhã desse dia, e ferimentos por bala de uma mulher de 78 anos, também na Matola.
O primeiro caso desta vaga de violência na Matola aconteceu em 11 de junho, quando um agente da Unidade de Intervenção Rápida da PRM foi morto com cerca de 50 tiros, no bairro Nkobe, por três indivíduos até ao momento não identificados.
Em 25 de dezembro, 1.534 reclusos fugiram da prisão, após rebeliões nos estabelecimentos Penitenciário Especial de Máxima Segurança e Provincial de Maputo, localizados a mais de 14 quilómetros do centro da capital.
Durante a rebelião, 35 pessoas morreram, segundo o Serviço Nacional Penitenciário de Moçambique, que também anunciou, em janeiro, que 332 reclusos foram recapturados.
Cerca de dois mil reclusos fugiram de estabelecimentos prisionais em todo o país, no ano passado.
Em 09 de junho, Mateus Saize informou que “cerca de metade dos que se evadiram” já estavam novamente nas mãos das autoridades penitenciárias.
Moçambique viveu quase cinco meses de tensão social, com manifestações, inicialmente em contestação aos resultados eleitorais de 09 de outubro, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, saldando-se na morte de pelo menos 400 pessoas e destruição de bens.
PVJ // VQ
Lusa/Fim