Guerra comercial: Canadá responde a Trump com tarifas retaliatórias

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O primeiro-ministro Justin Trudeau afirmou, a 4 de março, que os Estados Unidos da América (EUA) deram início a uma guerra comercial. Trudeau sublinhou que os canadianos não se vão acomodar e que vão ripostar em defesa do Canadá.

O anúncio de Trudeau surgiu após a confirmação do Presidente dos EUA, Donald Trump, de que iria cumprir a sua ameaça de atingir o Canadá e o México com tarifas generalizadas sobre a economia – 10% sobre a energia e 25% sobre todos os outros bens –, que entraram em vigor à meia-noite de 4 de março.

O Canadá respondeu com medidas imediatas de retaliação, nomeadamente a imposição de tarifas de 25% sobre 30 mil milhões de dólares em produtos americanos, prevendo-se que a taxa seja alargada para abranger mais 125 mil milhões de dólares de produtos dos EUA dentro de 21 dias.

Trudeau anunciou ainda que o Canadá vai contestar as tarifas americanas no âmbito do Acordo Canadá-Estados Unidos-México e junto da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Apesar de o plano fronteiriço do Canadá indicar uma redução de 97% nas apreensões de droga na fronteira desde dezembro, Trudeau disse que as ações dos EUA são completamente injustificadas e violam o acordo de comércio livre que o próprio Trump assinou no seu primeiro mandato.

Por todo o Canadá, empresas, sindicatos e líderes políticos reagiram quase de imediato. O líder dos conservadores, Pierre Poilievre, afirmou que o Canadá é, mais do que nunca, a prioridade e que não se vai acomodar às tarifas de Donald Trump.

O líder do NDP, Jagmeet Singh, pediu uma sessão de emergência no Parlamento para discutir as tarifas.

Os governos provinciais canadianos já começaram a reagir. Ontário, Nova Scotia e Newfoundland and Labrador iniciaram o processo de retirada de bebidas alcoólicas dos EUA das prateleiras das lojas geridas pelas províncias. Em Ontário, Doug Ford anunciou ainda a rescisão de um contrato milionário com a Starlink, de Elon Musk.

Danielle Smith, premier de Alberta, que tem sido a mais relutante entre os líderes provinciais, disse estar dececionada com a decisão de Trump e repetiu comentários semelhantes aos de Trudeau sobre a contestação das tarifas.

A presidente nacional do sindicato Unifor, Lana Payne, defendeu que o Canadá precisa de responder com medidas retaliatórias não tarifárias.

Joe Mancinelli, Vice-Presidente Internacional e Diretor Canadiano da LiUNA, manifestou-se nas redes sociais. Mancinelli expressou preocupação com os trabalhadores de ambos os lados da fronteira, mas sublinhou que o objetivo do sindicato é continuar a missão de proteção dos seus membros e das suas famílias.

Também algumas empresas manifestaram preocupação com o impacto das tarifas nos negócios e nos postos de trabalho de muitos trabalhadores. Empresas de transporte de produtos entre os dois países alertaram para uma iminente possibilidade de despedimentos.