
O setor de cuidados continuados na província de Ontário não estava preparado ou até mesmo equipado para lidar com todos os desafios trazidos pela pandemia. São os resultados de um relatório da auditoria-geral da província.
A chegada da pandemia ao Canadá apanhou tudo e todos despercebidos. E pior – era uma situação sem precedente. Muitos setores não estavam preparados para os desafios que vieram com a pandemia e o setor de cuidados continuados, em especial na província de Ontário, foi certamente um deles. É o que diz a auditora-geral da região, Bonnie Lysyk, no mais recente relatório apresentado sobre o tema.
Segundo a auditoria, todo o setor de cuidados continuados não estava “preparado ou equipado” para lidar com os contratempos que a Covid-19 trouxe, e ainda traz, à província.
Mas os dados não ficam por aqui. De acordo com o relatório, o setor também não teve exatamente a melhor prontidão de resposta no momento em que o novo coronavírus começou a arrasar as casas de cuidados continuados de Ontário, em março do ano passado.
Era necessária uma maior ação-reação para prevenir e detetar mais rapidamente a Covid-19, e assim evitar as altas taxas de mortalidade, o que, segundo a auditora, não aconteceu.
Como consequência, o número de infetados nos lares subiu vertiginosamente, provocando a morte de quase 4 mil residentes e de 11 funcionários no sistema de cuidados continuados em Ontário. Um valor contabilizado até ao final do mês de abril deste ano.
O relatório destacou três questões principais que conduziram o setor a um caminho trágico. A primeira é que, apesar das recomendações, não foram tomadas medidas suficientes. A segunda é a falta de abordagem de preocupações que já são levantadas há mais de uma década. E, por último, o setor de cuidados continuados nunca esteve completamente integrado no setor de saúde, e não permitiu que beneficiasse dele como devia.
Além disso, o relatório descobriu lacunas nos cuidados com pacientes e funcionários. Quartos com 3 a 4 ocupantes, falta de staff e a ausência de medidas de prevenção de infeção são alguns dos exemplos.
A auditoria também vem revelar que a falta de contacto com familiares teve um forte impacto emocional e físico nos residentes dos lares de cuidados continuados.
Entre as várias recomendações que fez, a auditora questionou se o plano de adicionar 45 mil camas até 2028 será suficiente para atender a necessidades futuras.