O número de portugueses que estão a ser deportados do Canadá tem vindo a preocupar a comunidade.
A imprensa tem noticiado que até fevereiro deste ano, o Canadá obrigou 21 portugueses a deixar o país. Em dois meses, 1.318 estrangeiros foram deportados e 4.021 aguardam expulsão, números que atendem às metas estabelecidas pelo governo canadiano que pretendiam deportar 5.900 imigrantes irregulares durante o primeiro trimestre deste ano.
Alguns protestos têm sido organizados com o objetivo de levar até ao governo federal o pedido para que estas ordens de deportação sejam canceladas e seja permitido a estas famílias ficar no país.
Segundo o consultor de imigração Ricardo Viveiros é difícil adiantar ao certo se todos os que foram obrigados a deixar o Canadá têm ou não oportunidade de permanecer no país.
“Não sei onde é que foram buscar essa notícia de 20 portugueses, acho que são muitos mais. Sei que é um número que está a passar nas redes sociais e nos jornais, mas a verdade é que há mais de 20 famílias à espera de deportação,” adiantou Viveiros.
Em comparação com 2018, os dados dos primeiros dois meses apontam para um aumento no número de deportações: em 2018, 8.160 pessoas foram deportadas. Destes, 101 foram para Portugal. O Comité de Trabalhadores Indocumentados diz que há famílias que estão no Canadá à cerca de 10 anos, trabalham e não cometem crimes, mas para o consultor podem apenas ter cometido um pequeno erro início do processo.
“Há centenas e centenas de processos em andamento, principalmente pessoas que entraram como visitantes com a esperança de que depois de estar cá podem ficar legais. A verdade é que o ministro da imigração avisou várias vezes que se a pessoa não entrar legal, vai ser muito difícil ficar legal,” opinou o profissional de imigração.
Segundo o consultor, há muitos portugueses que recorrem a vários advogados e especialistas em imigração pedindo ajuda para a legalização, mas na realidade nem todos têm as condições necessárias para permanecer no Canadá. “Estas pessoas vão a vários advogados e conselheiros de imigração à procura de um milagre. Muitas vezes vão a dez pessoas, oito ou nove dizem que não. E o décimo diz que sim. Pagam uma fortuna e a verdade é que não vão ter esse milagre. É muita a esperança, mas em casos de imigração cá no Canadá, a esperança só, não funciona.”
Ricardo Viveiros alerta para que os processos sejam feitos corretamente desde o início. “Tem que entrar cá legalmente, tem que estar cá com o visto em dia, renovar e ‘qualificar’. Porque nem todos ‘qualificam’ para ficar cá imigrantes, nem residentes permanentes.”
O consultor de imigração Ricardo Viveiros acredita que uma possível crise económica na Europa pode fazer com que o número de portugueses em busca de uma vida melhor no Canadá aumente, mas alerta que a falta de trabalho não é uma justificação válida para processos de imigração.
“A nossa história é imigração, é descobrir terras. Somos uma comunidade que sai à aventura em terras novas para fazer a sua vida. O problema é que o Justin Trudeau, o Harper e todos os ministros de imigração disseram a mesma coisa: imigração económica não é uma razão válida para ficar cá. Porque um português pode trabalhar em qualquer país que faz parte da União Europeia. As pessoas que fazem pedidos desse tipo de imigração, de compaixão, dificilmente são aceites,” concluiu.