MOÇAMBICANAS SERAFINA E EMÍLIA JÁ SE VEEM LIVRES DA “ESCRAVIDÃO DA ÁGUA”

LusaInhambane, Moçambique, 25 ago (Lusa) – As moçambicanas Serafina, 36 anos, e Emília, 22 anos, consomem horas a procurar água, que pode não chegar para lavar os pés, mas a partir de hoje já podem sonhar com uma torneira a jorrar o líquido em casa.

Num país onde as raparigas perdem aulas por percorrerem mais de 12 horas para ir acarretar água muitas vezes não tratada ou são pressionadas a casarem-se cedo para reforçar a “mão-de-obra familiar”, a presença hoje do governador da província de Inhambane, Daniel Chapo, nos distritos de Morrumbene e Homoíne, sul do país, para anunciar o início da construção de redes de abastecimento de água potável, teve direito a momentos normalmente vistos apenas em feriados.

Algumas mulheres levaram a melhor capulana (tecido que as moçambicanas envolvem o corpo da cintura para baixo) para ouvir Chapo anunciar que a “libertação” da servidão da água chegará em 2017, outras esmeraram-se em ensaios para dançar e cantar para o governador e comitiva e professores e enfermeiros não foram ao trabalho, porque a importância do anúncio o justificava.