Nos anos 50, a fraca situação económica e social em Portugal, e especialmente no arquipélago açoriano, determinou a escolha de procurar novos horizontes para a população mais desfavorecida. O Canadá apareceu como uma nova esperança. Em 1953, chegaram ao Canadá os pioneiros. Depois deles seguiram-se, quase até aos dias de hoje, milhares de outros indivíduos que, com as mais diversas motivações, encontraram aqui o seu espaço e determinaram o seu modo de vida. Este ano celebram-se, portanto, sete décadas da chegada do Saturnia ao porto de Halifax, em Nova Scotia.
Durante a primeira década, após a chegada dos primeiros portugueses iniciou-se o reagrupamento familiar, a grande maioria dos jovens em idade escolar trabalhava aos fins de semana, ou mesmo depois da escola. A maioria dos adultos tinha dois trabalhos, mas normalmente os homens trabalhavam na construção. Não é à toa que ainda hoje se diz que muitas das cidades canadianas foram construídas por estes homens que tinham como missão construir principalmente um futuro.
Sete décadas depois, continuam a chegar portugueses e muitos procuram a construção, principalmente aqueles que arriscam tudo na procura de uma vida melhor e por isso trabalham onde podem, como podem e isso significa, muitas vezes sem documentos.
É por isso com bastante alegria e acima de tudo muita esperança que é acolhida na comunidade a notícia da expansão do programa piloto que vai possibilitar a pelo menos 1000 destes trabalhadores indocumentados, obterem a Residência Permanente, neste país que os acolhe e lhes promete o futuro que almejam.
Os trabalhadores indocumentados na Grande Área de Toronto (GTA), sempre desempenharam e desempenham um papel crucial na indústria da construção em toda a região e, neste momento em que o país enfrenta uma escassez de mão-de-obra de trabalhadores qualificados, o anúncio da expansão do programa demonstra o empenho do governo em encontrar soluções que ao favorecerem o crescimento da economia também ajudam a construir as nossas comunidades.
Parabéns aos nossos pioneiros e a todas as gerações que nos abriram o caminho.