
Bruxelas, 31 dez 2025 (Lusa) – O ano que hoje termina terá sido o mais quente alguma vez registado na Ásia Central, no Sahel e no norte da Europa, segundo cálculos baseados em dados do programa europeu Copernicus.
De acordo com uma análise da agência de notícias France-Press (AFP), globalmente, 2025 deverá ser o terceiro ano mais quente de que há registo, depois de 2024 e 2023.
Mas esta média – calculada com recurso a dados provisórios que serão confirmados pelo Copernicus no relatório anual, no início de Janeiro, e que inclui a terra e os oceanos – mascara recordes absolutos em certas regiões.
Uma dúzia de países europeus está a caminho de bater ou quase bater os recordes anuais de temperatura em 2025, em grande parte devido a um verão excecionalmente quente.
É o caso da Suíça e de vários países dos Balcãs, onde as temperaturas de verão ultrapassaram a média sazonal em dois ou mesmo três graus Celsius (°C).
Portugal, Espanha e Reino Unido também registaram os verões mais quentes da história, com o calor a alimentar incêndios florestais de grandes proporções na Península Ibérica.
Já o Reino Unido sofreu com a escassez de água provocada pela primavera mais seca em mais de um século.
Poupada à onda de calor que atingiu a Europa no final de junho, o norte do continente conheceu um Outono excecionalmente quente.
Para a Noruega, Suécia, Finlândia e Islândia, prevê-se que 2025 seja um dos dois anos mais quentes, de acordo com os dados disponíveis.
Na Ásia Central, todos os países estão perto de bater ou igualar os recordes anuais de temperatura, com o Tajiquistão a liderar o aumento.
Este país montanhoso e sem litoral, onde apenas 41% da população tem acesso a água potável, sofreu este ano as temperaturas mais anormais do mundo, mais de 3°C acima das médias sazonais (1981-2010).
Desde maio, o Tajiquistão bateu o recorde mensal de temperatura em todos os meses, exceto novembro.
Outros países vizinhos, como o Cazaquistão, o Irão e o Uzbequistão, registaram também temperaturas dois a três graus Celsius acima da média sazonal.
Foram também registados recordes de calor em vários países do Sahel e da África Ocidental, onde as temperaturas em 2025 se situaram entre 0,7 e 1,5°C acima da média sazonal.
Este ano foi o mais quente já registado na Nigéria e um dos quatro mais quentes no Níger, Nigéria, Burkina Faso e Chade.
Desde 2015, os episódios de calor extremo “tornaram-se quase dez vezes mais prováveis”, alertam os cientistas da rede World Weather Attribution (WWA) no relatório anual publicado na segunda-feira.
A rede WWA avalia o papel das alterações climáticas induzidas pelo homem em eventos climáticos extremos.
Os países do Sahel estão entre os mais vulneráveis a este aumento de temperatura, uma vez que muitos já enfrentam conflitos armados, insegurança alimentar e pobreza generalizada.
Como muitas nações não publicam dados climáticos detalhados, a AFP analisou milhares de milhões de dados do Copernicus provenientes de modelos climáticos, medições feitas por cerca de 20 satélites operados por diversos países e estações meteorológicas em terra, no mar e no ar. Estes dados abrangem o mundo inteiro, hora a hora, desde 1970.
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