

A justiça britânica acusou esta sexta-feira duas pessoas pela prática de mutilação genital feminina, naquela que é a primeira vez em que suspeitos são julgados por este crime no Reino Unido.
Após rever a informação remetida pela polícia, o ministério público britânico decidiu apresentar acusações contra o médico Dhanoun Dharmasena, do hospital Whittintin, em Londres, e um segundo suspeito, Hasan Mohamed, que não é profissional de saúde.
Dharmasena está acusado de ter praticado a mutilação a uma paciente, depois de esta ter dado à luz em novembro de 2012, supostamente para corrigir uma excisão praticada anteriormente, contando com a ajuda de Mohamed, cuja ligação com a vítima não foi clarificada, mas que é acusado de encorajar intencionalmente um crime de mutilação genital feminina, contrário à lei de crimes graves, além de ajudar, incitar, aconselhar ou procurar que o médico realizasse o procedimento.
Os dois acusados deverão comparecer em tribunal a 15 de abril, em Westminster, Londres, uma vez que a mutilação genital feminina é ilegal no Reino Unido desde 1985 e em 2003 a pena máxima foi elevada de cinco para 14 anos de prisão, mas até agora nenhuma pessoa foi condenada.
O Governo britânico reforçou este ano a luta contra a excisão, um ritual comum entre comunidades da Ásia, Médio Oriente e África, e ordenou aos hospitais públicos que comuniquem os casos detetados.
Estima-se que 140 milhões de mulheres tenham sido submetidas à MGF em todo o mundo e que três milhões de meninas estejam em risco anualmente. A prática causa lesões físicas e psíquicas graves e permanentes.