A PAZ É UMA INVENÇÃO RECENTE

Correio da Manhã Canadá

A História foi erguida sempre sobre conflitos e guerras, dando e retirando poderes aos homens para conduzirem a seu belo prazer os destinos de povos e nações. As fronteiras sempre existiram e nunca foram estáticas, estando sujeitas a correções forçadas e indesejadas. Hoje, a fronteira mais emblemática e conflituosa é a que separa as duas Coreias e que não tendo ficado bem definida após a II Guerra, foi posteriormente criada com o prolongamento da designada Guerra da Coreia.

Conflitos armados sempre houve e continuam a existir. Mas, desde 1945, o centro do mundo ocidental mantém um estado de paz como nunca existiu. Por isso, existe a convicção de que a paz é um estado e modo de vida muito recente. Contudo, esta situação é mantida à custa de muito esforço, preocupação e investimento.

Ainda na semana passada, o Presidente Donald Trump, no seu primeiro discurso sobre o Estado da Nação, deu grande relevo ao crescimento económico baseado na sua reforma tributária e às preocupações sobre as reformas migratórias, mas também deu grande ênfase à necessidade de Republicanos e Democratas se unirem no Congresso para a possibilidade de se proceder à modernização do armamento nuclear norte americano.

Para haver paz tem que se estar fortemente armado para impressionar e amedrontar os possíveis inimigos. Vive-se num mundo superficial, comandado à distância e sob permanente ameaças. O Governo da Suécia, por exemplo, e que é um País neutral, não fazendo parte de qualquer bloco militar, distribuiu, recentemente, um folheto a toda a população a explicar como se deve proceder em caso de guerra. Para os suecos, a anexação da Crimeia por parte da Rússia e a instabilidade que se vive na Ucrânia, são motivos de preocupação e para serem levados a sério.

A NATO é uma organização que engloba atualmente 29 países e que tem por missão a defesa dos Estados membros face a conflitos e agressões. Os Estados Unidos são o principal impulsionador e financiador. Donald Trump já argumentou que os Estados Unidos estão a gastar demais com os outros e que todos devem respeitar o acordo que estabelece que a contribuição de cada País deverá corresponder a 2% do seu Produto Interno Bruto.

Esse acordo existe, mas somente cinco países cumprem essa regra: Estados Unidos, Grécia, Estónia, Reino Unido e Polónia. Nem a França, Alemanha, Canadá e Portugal ainda atingiram esse patamar, considerado o mínimo para se manter a solidez da NATO.

Portugal, no entanto, vai beneficiar, no final deste ano, da instalação em Oeiras da futura Escola de Comunicações e Informações Militares. Por lá passarão anualmente mais de 5 mil alunos provenientes dos países membros da NATO para estudarem e desenvolverem tudo o que está relacionado com a ciberdefesa e a cibersegurança. Afinal, as grandes ameaças do futuro.

Jorge Passarinho