“PÁSSARO ASSUSTADO”

Correio da Manhã Canadá

Depois do afastamento do embaixador do Canadá na China, John McCallum, a pedido do primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, devido a comentários pouco acertados que terá feito sobre o processo de extradição da diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, o país asiático não poupou as críticas a Ottawa.

O jornal chinês, “Global Times”, que é administrado pelo governo publicou uma notícia onde comparava Ottawa a um “pássaro assustado”, usando uma terminologia vulgar para descrever alegadas ações imorais do Canadá que não iremos transcrever aqui. O jornal chinês acusou ainda o Canadá de “interferência política” sobre a saída de McCallum e acusou o governo de agir contra a “justiça moral”. O editorial sugere ainda que o ex-embaixador era um moço de recados que usava as roupas novas do Imperador, devido aos seus comentários sobre Meng. Mas o texto do “Global Times” vai mais longe acusando a própria imprensa canadiana de perseguição a McCallum, e que quem criticou a saída do diplomata devia sentir “vergonha de si próprio.”

A substituir John McCallum entra Jim Nickel, um diplomata mais refreado nas palavras e nas ações. Desde o início desta disputa o Canadá tem sido fustigado na imprensa chinesa. Por exemplo, o Diário do Povo da China acusou o Canadá no mês passado de agir como parceiro dos Estados Unidos e de atuar como o seu “51º estado”.

Todos os meios de comunicação na China são controlados pelo Partido Comunista Chinês, que censura em grande parte qualquer notícia relacionada com as sanções de que é alvo. Ambos os países têm em vigor alertas de viagem do Canadá para a China e vice-versa.

Na segunda-feira, ao final da tarde, os Estados Unidos anunciaram acusações formais contra a Huawei Tecnologies, várias subsidiárias da gigante tecnológica e a diretora financeira Meng Wanzhou. A empresa é acusada de fraude bancária, obstrução à justiça e conspiração para roubar segredos comerciais da T-Mobile US Inc. Anteriormente a diretora financeira já tinha sido acusada de violar sanções contra o Irão usando uma empresa subsidiária. Meng nega todas as acusações. O país vizinho tem até ao dia 30 de janeiro para formalizar o pedido de extradição da executiva da Huawei.