MOÇAMBIQUE/ATAQUES: EUA “MAIS DO QUE ABERTOS” A APOIAR COMBATE À “PRAGA DO TERRORISMO”

LusaMaputo, 14 fev 2020 (Lusa) — O Governo dos EUA está “mais do que aberto” a cooperar com Moçambique no combate aos ataques armados em Cabo Delgado, apontando a experiência na luta contra o terrorismo, disse hoje o novo adido militar norte-americano em Maputo.

A disponibilidade de Washington para ajudar as autoridades moçambicanas foi expressa por Fergal James O’Reilly, após a cerimónia protocolar de apresentação ao ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto.

“Como em relação a qualquer outro país que está a sofrer esta praga, estamos mais do que abertos a ajudar, de qualquer forma que pudermos, a derrotar este problema que vocês têm aqui”, afirmou O’Reilly, em declarações aos jornalistas.

O adido de Defesa dos EUA em Maputo assinalou que cabe às autoridades moçambicanas decidirem se precisam de ajuda na luta contra a violência no Norte, ressaltando que, em caso de pedido, os EUA vão analisar o tipo de assistência a prestar.

“Acho que temos uma boa compreensão sobre este fenómeno, estamos abertos a ouvir Moçambique e ver como podemos ajudar, se pudermos ajudar, mas está do lado moçambicano ver a melhor forma dessa ajuda”, frisou.

O adido de Defesa destacou que as Forças Armadas dos EUA e de Moçambique têm cooperado na segurança marítima e na saúde militar, havendo potencial para o alargamento das áreas de colaboração mútua.

O ministro da Defesa de Moçambique fez hoje igualmente a acreditação do novo adido de Defesa da Namíbia, Andima Iyambo.

Discursando após o ato de acreditação, Jaime Neto realçou a importância da cooperação internacional, apontando a manutenção da paz, formação, segurança costeira, saúde militar e exercícios militares conjuntos como áreas de interesse para o seu Governo.

A prioridade [do Governo moçambicano] é o desenvolvimento do país e, em particular, cimentar a paz”, ressaltou Neto.

Os ataques armados na província de Cabo Delgado eclodiram em 2017 protagonizados por residentes, frequentadores de mesquitas “radicalizadas” por estrangeiros, segundo líderes islâmicos locais, que primeiro alertaram para atritos entre fiéis.

Nunca houve uma reivindicação da autoria dos ataques, com exceção para comunicados do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, que desde junho tem vindo a chamar a si alguns deles, com alegadas imagens das ações, mas cuja presença no terreno especialistas e autoridades consideram pouco credível.

Os ataques já provocaram pelo menos 350 mortos e 156.400 pessoas afetadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros.

A província de Cabo Delgado é aquela onde avançam as obras dos megaprojetos que daqui a quatro anos vão colocar Moçambique no ‘top 10’ dos produtores mundiais de gás natural e que onde há algumas empresas e trabalhadores portugueses entre as dezenas de empreiteiros contratados pelos consórcios de petrolíferas.

Os projetos incluem a petrolífera norte-americana Exxon Mobil.

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