ENTRAR OU SAIR DO CANADÁ? EIS A QUESTÃO

Correio da Manhã Canadá

Há certos temas mais preponderantes em determinados círculos sociais, e nas comunidades imigrantes, como aquela que lê este jornal. A dinâmica de entrada e de saída do Canadá marca muitas conversas. Como é que cá chegamos, porque é que viemos, de que forma mantemos a relação com o nosso país de origem, e muitas outras questões relacionadas com a circunstância imigratória marcam o dia-a-dia dos luso-canadianos e, por consequência, as páginas deste jornal.

Curiosamente, essa mesma dinâmica de entrada e de saída tem sido tema não só para as comunidades imigrantes, mas para os canadianos em geral. De facto, tem marcado a agenda mediática no Canadá de forma excecional e invulgar, da imprensa “cor-de-rosa” à política internacional.

Basta pensarmos nas dezenas de notícias diárias sobre a chegada de Meghan Markle e do príncipe Harry ao Canadá para percebermos a importância que o assunto tem vindo a ganhar nos últimos dias. Há quem diga, inclusivamente, que a entrada do casal no país veio dar um novo fôlego aos jornais, proporcionando o entusiasmo necessário aos dias frios de inverno ou a distração coletiva, ainda que pontual, face a uma das piores tragédias que o Canadá tem vindo a assistir nos últimos tempos: o acidente do voo 752 no Irão, que tirou a vida a 57 canadianos.

Por ironia, a tragédia no Irão também toca o tema da saída e da entrada no Canadá, com relatos diários sobre o sofrimento das famílias das vítimas, que se debatem com a dificuldade de fazer regressar os restos mortais dos seus familiares ao país. Justin Trudeau anunciou na sexta-feira, a este propósito, que o governo federal vai doar 25 mil dólares por cada vítima mortal canadiana ou com residência no Canadá, de forma a comparticipar as despesas relacionadas com a extradição dos restos mortais e os funerais das vítimas.

A discussão em torno das inúmeras “entradas” no Canadá também tem sido acompanhada por uma eventual – e altamente polémica – saída. Falamos, claro, de Meng Wanzhou, cuja audiência de extradição arrancou no início da semana e decorre até sexta-feira. Caso a justiça canadiana decida a favor da extradição, a empresária de topo da Huawei terá de abandonar o Canadá rumo aos Estados Unidos da América, onde é acusada de contornar sanções ao Irão e de roubar segredos industriais ao grupo de telecomunicações T-Mobile.

Seguindo o embalo destes acontecimentos, também decidimos, nesta edição, dedicar algumas páginas do nosso jornal à imigração no Canadá, abordando os prós e contras de se viver no país. Mas será que entrar no Canadá tem mais vantagens do que sair? Eis a questão, que propomos como tema de reflexão para os próximos dias.