Um doente em coma, vítima de atropelamento, foi transferido dos Hospitais da Universidade de Coimbra(HUC), onde estava internado, para o Hospital de Santarém, que lhe recusou acesso por não ser da área de residência. Daí, seguiu para Torres Novas, onde também não foi admitido; depois para Abrantes e daí para Tomar, onde finalmente deu entrada. Neste percurso, de 262 quilómetros, demorou oito horas e passou por três ambulâncias.
A família do doente, Nuno Clemente, de 42 anos, motorista residente em Louriceira, Alcanena, está indignada, tanto mais que só foi avisada da sua saída de Coimbra “quando a ambulância já ia em trânsito para Santarém”, disse ontem ao CM a irmã, Ana Clemente, que já denunciou o caso avárias entidades públicas da área da Saúde.
“O meu irmão estava na Neurocirurgia dos HUC e na quinta-feira da semana passada, véspera da transferência, a minha cunhada foi avisada de que iria para uma enfermaria, mas não para outro hospital,” contou Ana Clemente, acrescentando que, na sexta-feira, pelas 10h30, “a enfermeira que ia na ambulância telefonou a dizer que já estavam em trânsito para Santarém”.
Contactados pelo CM, os responsáveis dos cinco hospitais dizem que cumpriram os procedimentos. Coimbra afirma que a saída do doente foi precedida de um “contacto entre médicos”, o que Santarém nega ter existido. Em Torres Novas não há Urgência Médico-cirúrgica e em Abrantes não havia cama.