“DESUMANO”

Correio da Manhã Canadá

Enquanto a China continua a pressionar o Canadá para libertar a diretora financeira da Huawei, ataca o país da América do Norte apelidando a prisão de Meng Wanzhou de “desumana”. Esta afirmação surge no momento em que o Canadá se classifica nos cinco primeiros países do Índice de Liberdade Humana, um ranking global de direitos humanos e liberdades de 165 países realizado pelo Instituto Fraser e os seus parceiros globais.

Uma manchete num artigo de um Jornal Comunista chamou o tratamento que o Canadá deu a Meng “desumano”. O editorial publicado na edição de segunda-feira no Global Times surgiu depois de protestos governamentais contra os embaixadores do Canadá e dos Estados Unidos durante o fim de semana.

No Índice de Liberdade Humana, a China ocupa o 132º lugar na lista e é acusada de um padrão comportamental que ataca países como o Canadá “numa tentativa de reprimir a livre discussão”, o que não surpreende ao ser publicado no editorial chinês que o centro de detenção canadiano não está a oferecer a Meng os cuidados de saúde necessários, mas não fornecendo evidências das acusações.

Na China o sistema judicial está intrinsecamente ligado à política, as autoridades podem presumir que a prisão de Meng é uma prisão política. Justin Trudeau já desmentiu que haja envolvimento político na prisão da diretora financeira da Huawei, e que foram as autoridades competentes que tomaram as decisões neste caso, e que respeita a independência dos processos judiciais canadianos.

Por último, desafiando uma oposição feroz dos Estados Unidos e de algumas outras nações, quase 85% dos países da ONU concordaram na segunda-feira com um acordo não vinculativo, para garantir uma migração segura, calma e humana. O debate sobre o Pacto Global pela Migração, o primeiro deste tipo, provou ser um teste de esforço liderado pela ONU para reprimir os movimentos muitas vezes ilegais e perigosos através das fronteiras que transformaram o tráfico de seres humanos numa indústria mundial em expansão.

A migração afeta centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, famílias que fogem da guerra, trabalhadores empobrecidos, e também pode envolver trabalhadores qualificados de nações desenvolvidas que procuram oportunidades além da suas terras de origem, onde se englobam milhares de portugueses. Desde 2015, com a chegada de mais de 1 milhão de refugiados à Europa, vários governos de direita e anti-imigração têm usufruído de um aumento do apoio político no continente.

Um total de 164 países, entre os 193 membros da ONU aprovou o acordo a 10 de dezembro.