Comunidades Indígenas continuam a sofrer do isolamento e de falta de apoio aos mais jovens

Correio da Manhã Canadá

As comunidades indígenas do Canadá, e em particular aquelas isoladas cujo acesso é apenas possível por via aérea, continuam a sofrer de graves problemas sociais que afetam especialmente os mais jovens. O isolamento, aliado a uma educação precária e a escassas oportunidades de emprego, contribuem para uma exagerada incidência de depressão e de tentativas de suicídio, e ainda a um acentuado abuso de drogas e do álcool. O mais recente episódio trágico que reflete esse desespero ocorreu esta semana na comunidade de God’s Lake, na Província de Manitoba, onde 4 jovens se suicidaram e outros 22 falharam na tentativa do suicídio. O Chefe desta comunidade, Gilbert Andrews, mostrou-se preocupado com o acentuado abuso de metanfetamina por parte de muitos jovens que ali residem, e implorou pela ajuda do governo. Porém, os apoios tendem em tardar e os problemas repetem-se um pouco por todo o país. A maioria destas reservas isoladas não tem água potável em casa, e em muitas outras já nem sequer se confia na água para tomar banho. Foi o caso de Attawapiskat e de Eabametoong, situadas no norte do Ontário, que em julho também declararam estado de emergência. O problema irá levar décadas para resolver enquanto os seus habitantes continuam a sentir-se cidadãos diferentes do resto do Canadá. Aliás, a comunidade de Attawapiskat First Nation tem sido altamente sacrificada por estas precárias condições. Os níveis de trihalometanos – um cancerígeno – na água excedem o limite recomendável, obrigando as autoridades a pedir que residentes não utilizem água da torneira para lavar a loiça e que o duche não exceda a duração de 5 minutos, entre outros avisos que em Toronto seriam totalmente inaceitáveis. Na mesma comunidade de Attawapiskat, entre Novembro de 2015 e Março de 2016, mais de 100 jovens tentaram o suicídio em grupo, levando a que o chefe de então, Ignace Gull, declarasse estado de emergência. Todas estas carências, multiplicadas por centenas de comunidades indígenas, devem receber a atenção necessária por parte do governo federal de modo a que, em vez de dois, passemos a ter apenas um Canadá.