Blackface foi uma prática utilizada nos Estados Unidos para representar pessoas de cor negra no teatro enquanto lhes atribuíam os estereótipos negativos da época. A prática caiu de moda durante a última metade do século XX, acabando por se tornar numa forma de racismo pelo seu contexto histórico.
Justin Trudeau tem vivido dias de imensa pressão após a divulgação de fotos e vídeos que mostram o líder do Partido Liberal em blackface, em duas instâncias, e noutra com a face pintada de castanho. Aqueles que apoiam o partido liberal irão desculpar Trudeau pelo contexto em que as incidências ocorreram e até na opinião de que o assunto nem é de grande importância. O argumento podia tornar-se convincente não fosse o líder do partido liberal a autoproclamada face do virtuosismo, o feminista que deu palestras de moralidade a canadianos e a líderes de vários países. Trudeau parece ter-se tornado num contra-senso que teve prenúncio num episódio anterior, quando foi acusado de assédio sexual a uma repórter.
Foi o mesmo Trudeau que disse que devemos sempre acreditar nas mulheres que se queixam. Porém, quando foi acusado de assédio sexual à repórter Rose Knight, mudou a retórica dizendo que a senhora em questão tinha uma perceção diferente do incidente, dando a impressão de que se trata de um “olha o que digo, não o que eu faço.” Tudo isto podia até ser ainda mais problemático se Trudeau não tivesse provado, ao longo destes quatro anos, que é, realmente, um líder que pratica a inclusão. Apesar de ter falhado redondamente no que diz respeito ao povo indígena, Trudeau formou um partido que é representativo da diversidade étnica do Canadá.
O líder do partido liberal tornou-se numa contradição que deverá baralhar alguns canadianos. Porém, esta é a grande questão caso seja reeleito: como é que os líderes mundiais irão lidar com Trudeau após as suas lições de virtuosismo que contrastam agora com a face negra do seu passado? Quanto à dúvida entre o exagero ou a justiça das reações, as eleições dar-nos-ão a resposta.