
Porto, 09 dez 2025 (Lusa) – O grupo português Visabeira fechou uma parceria com duas energéticas estatais moçambicanas para lançar uma empresa que vai prestar serviços de engenharia na área da energia, conforme acordo assinado hoje à margem da Cimeira Portugal Moçambique, no Porto.
O acordo parassocial da nova sociedade Soluções Elétricas Globais (SEG) foi assinado durante o Fórum Empresarial Portugal Moçambique, cuja abertura contou com a presença do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, e do Presidente moçambicano, Daniel Chapo, e envolve ainda as estatais Eletricidade de Moçambique (EDM) e Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB).
“É uma parceria público-privado e a ideia aqui também é ser um instrumento para colocarmos a bandeira de Moçambique noutros países”, explicou à Lusa o vice-presidente do Grupo Visabeira, Fernando Daniel Nunes, que assinou o acordo.
Na nova sociedade, a Visabeira Global terá uma participação de 40%, cabendo às duas empresas moçambicanas 25%, cada, além de 10% para pequenos subscritores.
De acordo com Fernando Daniel Nunes, a SEG vai prestar serviços de engenharia na área de energia em Moçambique e nos países vizinhos, mas a perspetiva é chegar também à Europa.
“Na construção de linhas e subestações para transporte de energia, até projetos de geração. E a ideia é prestar serviços não só em Moçambique, mas como para os países da África Austral, mas também eventualmente na Europa. Face aos grandes investimentos que existem na Europa ao nível da transição energética e do reforço da infraestrutura elétrica, há uma lacuna de empresas para fazer face à oferta do mercado”, explicou.
Os próximos passos no lançamento da nova sociedade envolvem a captação e formação de recursos, “para operar e executar os trabalhos o mais rapidamente possível”.
“Para conseguirmos concretizar aquilo que são as oportunidades a curto prazo, fruto do grande investimento que existe na infraestrutura elétrica, não só em Moçambique, mas noutros países”, disse ainda o vice-presidente do Grupo Visabeira.
Além deste acordo, ainda no fórum empresarial, realizado hoje à tarde no Palácio da Bolsa, no Porto, no âmbito da sexta Cimeira Portugal Moçambique, foi assinado um acordo de cooperação entre as associações empresariais dos dois países, CIP e CTA, que se juntam aos 22 instrumentos jurídicos rubricados durante a manhã, essencialmente entre os dois governos, na presença de Montenegro e Chapo.
O Grupo Visabeira admite que o principal mercado atual está nos Estados Unidos da América (EUA), mas Moçambique permanece como uma referência, histórica, sendo mesmo uma das principais empresas de origem portuguesa no mercado daquele país africano.
“Moçambique representa menos de 5% dos negócios do grupo. Não é que Moçambique não esteja a crescer, no entanto estamos a crescer muito noutras geografias, como é o caso dos EUA e como é o caso da Europa, o que fez com que o peso do volume de negócios em Moçambique, dentro do volume de negócios consolidado do grupo, fosse diminuindo”, reconheceu Fernando Daniel Nunes.
“Continuamos a ser uma referência dentro do panorama económico em Moçambique e, no entanto, apesar de, do ponto de vista dos números, o mercado de Moçambique não representar uma grande fatia nos negócios consolidados do Grupo Visabeira, há um certo valor emocional que nos agarra a este país. É uma questão cultural, uma questão também afetiva entre o nosso acionista, o fundador do Grupo Visabeira, e o país Moçambique”, concluiu o administrador.
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