
Lisboa, 21 out 2025 (Lusa) — O líder do Chega advertiu hoje o Governo que as viabilizações de orçamentos do Estado pelo PS tiveram maus resultados e disse esperar que este ano não afete as negociações com o seu partido.
Em declarações aos jornalistas antes de uma reunião com o seu grupo parlamentar, na Assembleia da República, André Ventura foi questionado sobre qual o poder de negociação do Chega para o Orçamento do Estado de 2026 [OE2026], uma vez que o PS já anunciou que viabilizará o documento na generalidade.
“O PS também viabilizou o documento [OE2025] e o Governo caiu uns meses depois. Isto é uma escolha política, é um caminho político”, avisou o líder do Chega, defendendo que “não deu bom resultado nos outros anos”.
André Ventura insistiu que “o Chega não vende votos” e considerou que se o PS “entende que fazer política é não olhar sequer para o documento e dizer que o vai viabilizar, é uma forma de fazer política” e terá de “responder aos seus eleitores”.
“Acho que os eleitores e os apoiantes do PS não agradecem, porque quando toca aos salários das pessoas, quando toca à saúde das pessoas, quando toca à luta contra a corrupção, quando toca aos preços sobre os combustíveis, temos um partido que diz ‘façam o que quiserem, nós estamos a favor’, as pessoas perguntam-se assim, então servem para quê, então servem para fazer o quê exatamente? Se não servem para nos tornar a vida melhor e mais fácil, se não servem para aprovar medidas que nos favoreçam, servem para quê os políticos?”, salientou.
Ventura remeteu para mais tarde o anúncio do sentido de voto da bancada do Chega e lamentou que “os orçamentos da AD muitas vezes mais pareçam orçamentos do PS”.
“Mais para a frente será anunciado o sentido de voto, mas o Chega terá uma abordagem crítica a este documento em algumas áreas fundamentais, uma delas a questão dos combustíveis, que para nós é decisiva, mas também as questões relacionadas com a saúde e com a Segurança Social e onde esperamos que o Governo possa ainda ter intervenção no sentido de mudar alguma coisa antes de começar o debate na generalidade que decorre na próxima semana”, afirmou.
O presidente do Chega disse que não há “nenhuma ponte de contacto permanente” com o Governo, mas indicou que espera abertura do executivo para negociar o OE2026.
Ventura adiantou que o partido está a preparar “centenas de propostas de alteração”. O Chega quer um aumento permanente das pensões e “cortes nos subsídios”, e recusa aumentos no preço dos combustíveis.
“Não estamos a propor nada ao Governo que vá destruir o orçamento, que vá aumentar brutalmente a dívida pública. Estamos a propor medidas sensatas que, aliás, já tinham sido pré-acordadas no contexto daquilo que foi uma certa aproximação que ocorreu quando, por exemplo, decidimos descer o IRS para os que ganham menos, que foi proposta do Chega, e houve um caminho que já foi aqui feito”.
“Eu espero que esse caminho continue e que o Governo, como o PS mudou de posição ou antecipou uma posição, esqueça tudo aquilo que prometeu às pessoas. Acho que isso não é um bom sinal político, já se viu ano passado que não é um bom sinal político”, defendeu.
André Ventura comentou também a proposta do PS que o saldo extra no orçamento da Segurança Social seja usado para aumentar de forma permanente as pensões mais baixas.
“O PS diz que vai usar o saldo para aumentar o nível de pensões, mas não nos diz qual é o aumento que pretende dessas pensões, não nos diz qual é o impacto que isso teria no saldo orçamental da Segurança Social”, criticou.
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