Unicef formou mais de 2.000 militares desde 2021 para proteger crianças em Moçambique

Maputo, 12 dez 2025 (Lusa) – O Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) formou, desde 2021, mais de 2.000 militares para prevenir “graves violações” contra crianças em contexto de conflitos armados em Moçambique, avançou hoje à Lusa aquela agência da ONU.

Segundo o Unicef, o Projeto de Formação de Pontos Focais, desenvolvido em parceria com o Ministério da Defesa de Moçambique e o Instituto Dallaire para Criança, Paz e Segurança, visa prevenir “graves violações” contra crianças e garantir a sua proteção em contexto de conflitos armados em Moçambique.

A iniciativa, concretizada desde 2021, pretende evitar o homicídio e mutilação de crianças, recrutamento ou utilização de menores como soldados, a violência sexual e sequestro de crianças, além de ataques contra escolas ou hospitais e a negação de acesso à assistência humanitária no país.

Para aquela agência das Nações Unidas, o treino, que já abrangeu mais de dois mil militares, também visa fortalecer a capacidade interna das Forças Armadas de Moçambique na prevenção e monitorização destas violações graves, sendo essencial para consolidar as práticas de proteção da criança nas forças e contribuir para os objetivos nacionais.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.

De acordo com o mais recente relatório da organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos, dos 2.270 eventos violentos registados desde outubro de 2017, um total de 2.107 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).

Estes ataques provocaram em pouco mais de oito anos 6.341 mortos, refere-se no novo balanço, noticiado pela Lusa em 28 de novembro.

No relatório aborda-se igualmente a movimentação de elementos do EIM pelos distritos de Eráti e Memba, na província vizinha de Nampula, relatando que “até 21 de novembro, já haviam realizado 13 ataques contra comunidades civis nos dois distritos e matado pelo menos 21 civis”, movendo-se em “pelo menos três grupos”.

“A atividade do EIM na província de Nampula atingiu o seu ponto mais alto em novembro, com 16 eventos nas primeiras três semanas do mês e a maior taxa mensal de mortalidade desde o início da insurgência. 

Novembro é o terceiro mês consecutivo em que o EIM tem estado ativo no norte de Nampula, marcando a atividade mais sustentada na província desde o início da insurgência”, acrescenta a ACLED.

A organização admite que estas “repetidas incursões” sugerem que o grupo pode estar a procurar fortalecer as ligações existentes na área, “possivelmente com vista a reforçar as rotas de abastecimento para recrutas e mercadorias”.

LCE // JMC

Lusa/Fim