
Adis Abeba, 15 set 2025 (Lusa) – O secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) defende que o continente deve unir-se numa “estratégia diplomática coordenada” para aproveitar as suas reservas de minerais, evitando a exploração do passado.
“O continente deve unir-se e aproveitar estrategicamente as suas vastas reservas de minerais verdes essenciais, evitar os padrões exploradores do passado e impulsionar a sua própria transformação industrial”, disse Claver Gatete, citado num comunicado da UNECA relativo à Cimeira Africana sobre o Clima, que terminou na sexta-feira em Adis Abeba.
O facto de África possuir mais de 30% dos minerais essenciais para as tecnologias de energia limpa, como cobalto, lítio e cobre, coloca-a “no centro da transição energética global”, afirmou Gatete.
Mas “sem uma estratégia diplomática coordenada, África continuará a ser um mero fornecedor de matérias-primas para a transição energética global, perdendo uma oportunidade histórica de industrialização”, alertou o secretário executivo da UNECA.
Falando numa sessão com o tema ‘Rumo a uma posição africana sobre a diplomacia dos minerais verdes críticos’ durante a Cimeira Africana sobre o Clima em Adis Abeba, Gatete argumentou que o continente não deve ser apenas um fornecedor de matérias-primas, mas sim “aproveitar o momento para construir indústrias, criar empregos e promover o crescimento inclusivo”.
Sem uma posição africana coordenada, “o risco é real, porque os modelos extrativos persistirão, a degradação ambiental agravar-se-á e as desigualdades na distribuição de valor aumentarão”, afirmou.
Já se funcionar “com unidade, África pode alavancar a sua riqueza mineral para impulsionar a industrialização, promover cadeias de valor regionais e impulsionar uma transição energética justa que não deixe ninguém para trás”, defendeu Gatete.
As conversações durante a cimeira, salientou Gatete, não foram apenas sobre minerais, mas sim sobre “moldar uma narrativa em que África é empoderada, não explorada; e em que é uma das arquitetas, e não uma espectadora, da transição verde global”.
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