UE disponibilizou cerca de 250 ME para o norte de Moçambique desde 2019

Pemba, Moçambique, 13 nov 2025 (Lusa) — A União Europeia (UE) disponibilizou, desde 2019, cerca de 250 milhões de euros para o norte de Moçambique, dos quais 95 milhões de euros para Cabo Delgado, província afetada por violência armada, anunciou hoje o embaixador europeu.

“Temos um compromisso muito intenso com a nossa abordagem integrada que conjuga ajuda humanitária, apoio à segurança e ao desenvolvimento”, disse o embaixador da UE em Moçambique, Antonino Maggiore.

O diplomata falava hoje em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, durante o Terceiro Diálogo de Parceria entre o Governo de Moçambique e a União Europeia, que visa “reforçar a cooperação política, económica e social moçambicano-europeia”, um evento copresidido pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana, Maria dos Santos Lucas.

A UE disponibilizou o montante para apoiar o desenvolvimento do norte de Moçambique, além de servir também para assistência humanitária, projetos sociais, apoio às organizações locais e criação de emprego na região.

Os 250 milhões de euros destinaram-se a Nampula, Niassa e Cabo Delgado, no norte de Moçambique, províncias que receberam também 375 milhões de euros disponibilizados por Estados-membros da UE, desde 2019, avançou à Lusa a organização.

“Em 2024 e 2025, a UE destinou um total de 39 milhões de euros para responder às necessidades humanitárias em Moçambique, com foco no acesso a alimentos, água e saneamento, habitação, saúde e nutrição, bem como serviços de proteção, incluindo educação em situações de emergência para crianças deslocadas em Cabo Delgado”, referiu a UE.

A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana destacou os ganhos que o país tem tido fruto da cooperação com a União Europeia.

“Estas interações, realizadas no quadro da parceria Moçambique e União Europeia, têm permitido aprofundar a cooperação em domínios estratégicos como a paz e segurança, o desenvolvimento económico e sustentável, as energias renováveis e investimento privado e a capacitação institucional”, disse Maria dos Santos Lucas.

Durante a sessão de diálogo, Moçambique e UE trocaram informações e perspetivas sobre a situação política, económica e social deste país africano, além do processo de revisão do mandato da Missão de Assistência Militar (EUMAM Moçambique), com Moçambique a transmitir “expectativa da sua continuidade”.

“Moçambique e a União Europeia debateram também a situação em Cabo Delgado, concordando sobre a necessidade de uma abordagem abrangente que integre as dimensões de segurança, desenvolvimento e assistência humanitária, para responder às necessidades profundas da população”, refere-se num comunicado conjunto, enviado à comunicação social.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.

De acordo com o mais recente relatório da organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês), dos 2.236 eventos violentos registados desde 2017, um total de 2.061 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).

Estes ataques provocaram em pouco mais de oito anos 6.659 mortos, refere o novo balanço, incluindo as 18 vítimas reportadas em menos de duas semanas em outubro.

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