Os trabalhadores na linha da frente da crise das pessoas sem-abrigo de Toronto dizem que a época festiva tem sido difícil para quem vive na rua, devido à chegada das temperaturas mais frias, associadas a sentimentos de isolamento.
Valentina Diaz, diretora do abrigo Fred Victor Bethlehem United Shelter, disse que a estação agrava o “peso emocional” enfrentado pelas pessoas sem-abrigo durante todo o ano.
Diaz afirmou que entre os sem-abrigo que enfrentam dificuldades estão os requerentes de asilo, que atualmente constituem uma parte significativa das pessoas que utilizam o sistema de abrigos da autarquia.
Michalina Seidl, gestora de casos na Bethlehem United, acrescentou que os recém-chegados ou canadianos afastados das suas famílias são os mais afetados.
Diaz referiu ainda que os abrigos têm feito o possível para apoiar o aumento do número de refugiados, incluindo a organização de uma festa de Natal para os residentes, com jogos, música e comida, para que se sintam menos isolados.
No início deste ano, a autarquia de Toronto informou que havia mais de 2.500 requerentes de asilo no sistema de abrigos em 2023.
No final de 2024, esse número aumentou para quase 4.200.
No início de dezembro, o Provedor de Justiça de Toronto, Kwame Addo, publicou um relatório que investigava a decisão da câmara municipal, tomada em maio de 2023, de deixar de permitir que os requerentes de asilo tivessem acesso às camas do seu sistema de abrigos de base. O relatório concluiu que a decisão era “inconsistente com as políticas da autarquia” e “equivalia a racismo sistémico”, uma vez que alguns requerentes foram recusados nos abrigos, mesmo quando havia camas disponíveis.
O Provedor de Justiça fez ainda várias recomendações, incluindo a clarificação dos processos para os requerentes de asilo.
O diretor de serviços da Câmara Municipal, Paul Johnson, escreveu numa carta que não concordava com as conclusões do relatório e que “não tomaria outras medidas” em resposta às recomendações.