
Díli, 31 mar 2022 (Lusa) — José Ramos-Horta e Francisco Guterres Lú-Olo, os dois candidatos que disputam a segunda volta das presidenciais em Timor-Leste, têm previsto 15 dias de campanha com um intenso programa de viagens pelo país, mas muito menos comícios.
Responsáveis dos dois lados explicam que questões como custos, cansaço e novas estratégias de aproximação ao eleitorado, levaram a rever a forma como vai decorrer a campanha, que começa no sábado.
Depois da cansativa primeira volta, em que os dois candidatos — havia mais 14 concorrentes — percorreram o país com comícios em todas as capitais de distrito, desta vez ambas as campanhas serão mais moderadas.
Os meios necessários para um comício — transporte para participantes e caravana, música, palcos, alimentação e demais — são não só dispendiosos, mas, como admitem os organizadores dos dois lados, “uma dor de cabeça”.
José Ramos-Horta, por exemplo, tem previstos apenas três comícios: o de abertura, no domingo, na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), um na ponta leste em Lautem e o de encerramento, em Díli, no antepenúltimo dia da campanha.
A caravana do vencedor da primeira volta vai percorrer o resto do país, mas a opção, segundo explicou fonte da candidatura, é de “apostar na proximidade”, pelo que haverá “diálogos comunitários” no resto do país.
No palco com José Ramos-Horta voltará a estar o maior ‘motor’ da sua campanha, Xanana Gusmão, bem como representantes de várias forças políticas, incluindo da Frente Mudança e do novo partido Patifor, além de dirigentes do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT).
Uma das novidades antecipadas — ainda que o anúncio formal só seja feito na sexta-feira — deverá ser a participação de dirigentes do Partido Democrático (PD), que apoiou a candidatura do seu presidente, Mariano Assanami Sabino, quinto mais votado em 19 de março.
Francisco Guterres Lú-Olo, por seu lado, também só tem previstos cinco comícios, a começar pelo de abertura, no domingo, em Gleno, a sul de Díli, e incluindo os de Suai, Lospalos, Manatuto e o de encerramento, em Díli, no último dia da campanha.
O atual chefe de Estado também aposta nos diálogos comunitários para as restantes regiões do país, e tem ações de campanha previstas para todos os dias, incluindo nos dias da Páscoa, com uma deslocação prevista à RAEOA.
Desta vez, o palco da candidatura de Lú-Olo vai estar ainda mais preenchido, contando com José Naimori, do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) — que apoiou a candidatura da terceira mais votada, Armanda Berta dos Santos -, e com Taur Matan Ruak, o primeiro-ministro e presidente do Partido Libertação Popular (PLP).
O atual Governo é apoiado pela Fretilin, que apoia a candidatura de Lú-Olo, e pelo KHUNTO e PLP, com as três forças a renovarem a parceria e a procurarem mobilizar os seus militantes para que votem na recandidatura do atual Presidente.
Por isso, Taur Matan Ruak (PLP) e o vice-primeiro-ministro José Reis (Fretilin), meteram mesmo férias para poder acompanhar a campanha, deixando interinamente a chefiar o Governo Armanda Berta dos Santos, que é ainda ministra da Solidariedade Social e Inclusão.
A condicionar ainda a campanha está a Páscoa — um dos momentos mais importantes do ano para a população maioritariamente Católica de Timor-Leste — e que levaram mesmo a Igreja em Timor-Leste, como revelou hoje o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, a pedir que não houvesse campanha na quinta e sexta-feira santa.
Taur Matan Ruak disse que o Governo não aceitou mudar as datas da campanha, referindo que ele próprio, porém, não participa nos atos de campanha em 14 e 15 de abril.
José Ramos-Horta venceu a primeira volta das presidenciais com 303.477 votos (46,56%), à frente de Francisco Guterres Lú-Olo com 144.282 votos (22,13%).
Na primeira volta votaram 664.106 dos 859.613 eleitores inscritos, com a abstenção a cair face ao voto de 2017, para 22,74%.
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