Teatro S. Luiz acolhe estreia de “Descobridores do Amor” que remete para universo camoniano

Lisboa, 10 set 2025 (Lusa) — A peça “Descobridores do Amor”, com texto, direção e espaço cénico de João Garcia Miguel, em que perpassa o universo camoniano, é protagonizada pelos atores Petrônio Gontijo e Ademir Emboava, e estreia-se no sábado, no Teatro S. Luiz, em Lisboa.

“Descobridores do amor” “é uma viagem entre passado e futuro, entre memória e imaginação”, segundo o texto de apresentação do espetáculo, na página do teatro na Internet.

A peça é a história de “um poeta que atravessou diversos tempos até chegar” àquele palco, e “parte de uma tentativa de compreender, através da escrita, a herança deixada por pais e antepassados”.

Através da escrita, explica a sinopse, “o autor afasta-se das figuras que ama, traindo crenças e memórias, rasgando tudo até restar apenas o pensamento gravado no seu íntimo”, acabando por imaginar “um livro perdido num naufrágio, talvez destruído por uma criança, cujas palavras permanecem vivas dentro de si”.

“Entre os fantasmas e as mentiras da imaginação”, o protagonista da obra “encontra uma verdade profunda e pessoal”. Por fim, “entrega-se ao público: pele, palavras e amor — é o ator da sua própria história”.

Em palco vão estar cinco personagens interpretadas por dois atores: Zarolho, por Petrônio Gontijo, e Velho, Velha, Inquisidor e Criança, por Ademir Emboava, disse à Lusa fonte do Teatro S. Luiz.

“Numa caverna iluminada por um jorro de luz, Zarolho e o Velho combatem-se com palavras, pão e vinho. O Zarolho é uma personagem criada e inventada nos seus detalhes a partir dos espaços de sonho que a biografia de Luís Vaz de Camões permite”, lê-se na folha de sala.

Enquanto o Zarolho “tece histórias fantásticas de palácios, princesas e amores fugidios para saciar uma fome que é mais do que física”, Velho “é o ácido da digestão, a voz que desconstrói e aponta o dedo à mentira necessária”.

Através destas duas personagens e das transformações por que passam, “participamos numa viagem circular pela solidão, pelo ato de criar narrativas para sobreviver e pela demanda obstinada — e por vezes ridícula — por uma centelha de amor e beleza”.

As outas três personagens — a Velha, o Inquisidor (que também é referido como o Mais Alto e o Grande) e a Criança – são “todas projeções dos diferentes aspetos da psique de Zarolho”, segundo a apresentação da obra.

Constituindo o espetáculo a jornada de Zarolho através “destas vozes em conflito”, o clímax atinge-se quando, através da presença e da ação da Criança, surge uma nova forma de ser: o poeta Zarolho torna-se num “simples homem”, “vazio de si mesmo” e que “pode finalmente conectar-se com outros seres humanos de forma autêntica, através do mato simples e ancestral de contar histórias”.

“Descobridores do Amor” fica em cena na sala Mário Viegas até 28 de setembro, com récitas de quarta-feira a sábado, às 19:30, e, ao domingo, às 16:00.

A sessão de dia 16 tem interpretação em Língua Gestual Portuguesa, e as récitas de dias 26 e 28 têm audiodescrição.

O figurinista da peça é Roselyn Silva, enquanto a montagem musical é de Nguila Wa Kwamba.

Na investigação associada à obra está Paulo Barriga, na assistência de encenação, Ramadane Matusse e, no registo vídeo, Bruno Canas.

A peça “Descobridores do Amor” é uma produção conjunta dos teatros Aveirense (Aveiro), José Lúcio da Silva (Leiria), Virgínia (Torres Novas) e São Luiz Teatro Municipal de Lisboa.

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