Sequelas da Covid-19: Estudo Alerta para Danos Silenciosos em Órgãos a Longo Prazo

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Mesmo com o aparente controlo da COVID-19 as autoridades canadianas continuam preocupadas com as sequelas da infeção e os motivos para a preocupação aumentaram com um estudo recente nos Estados Unidos.

O investigador David Putrino, da Escola de Medicina Mount Sinai, em Nova Iorque, tem acompanhado os efeitos de longo prazo da COVID-19 e alerta: não existe infeção sem consequências.

As sequelas mais conhecidas são agrupadas sob a designação long COVID, que inclui fadiga extrema, dificuldades respiratórias, alterações cardíacas, problemas digestivos e défices cognitivos. Mas há também danos que evoluem de forma silenciosa, sem que o doente perceba alterações imediatas.

Um dos exemplos mais citados é a perda de capacidade cognitiva. Estudos revelam que pessoas que superam uma infeção, mesmo sem diagnóstico de long COVID, podem perder entre dois a seis pontos de QI por cada episódio.

Experiências laboratoriais mostram ainda que, mesmo em casos ligeiros, a inflamação nos pulmões liberta substâncias químicas capazes de afetar o cérebro e a medula espinal. Para além do sistema respiratório, a literatura científica já associa a COVID-19 a alterações em mais de 200 sintomas diferentes, distribuídos por praticamente todos os órgãos.

Os investigadores apontam duas razões principais: a persistência do vírus em locais onde o sistema imunitário não consegue eliminá-lo e a inflamação crónica que se prolonga por meses ou anos. O resultado é uma resposta imunitária enfraquecida, que pode inclusive reativar outros vírus latentes, como o Epstein-Barr.

Outro fator é o impacto direto da proteína spike sobre vasos sanguíneos e células sanguíneas, aumentando o risco de complicações sistémicas.

De acordo com Putrino, o conhecimento científico atual mostra que, ao contrário da ideia antiga de que o sistema imunitário se fortalece ao ser testado, cada infeção por SARS-CoV-2 pode deixar marcas permanentes, acumulando riscos ao longo do tempo.

Diante desta situação, as autoridades de saúde canadiana apelam para que a vacinação seja mantida de acordo com as orientações médicas, para evitar novas contaminações e mais sequelas a longo prazo.