
Maputo, 22 ago 2025 (Lusa) – As reservas obrigatórias dos bancos moçambicanos, em função dos depósitos, voltaram a recuar em junho, para 212.798 milhões de meticais (2.859 milhões de euros), acumulando uma descida de 27% este ano, segundo dados oficiais.
De acordo com o histórico dos últimos relatórios estatísticos do Banco de Moçambique, essas reservas obrigatórias no banco central comparam com o recorde de dezembro passado, de 291.457 milhões de meticais (3.916 milhões de euros), imediatamente antes do alívio destas restrições.
Em abril, o volume dessas reservas que os bancos têm de fazer subiram para 227.373 milhões de meticais (3.054 milhões de euros) e em maio recuaram 4,3%, seguindo-se nova queda em junho, de 2%, conforme o mais recente relatório do banco central a que a Lusa teve hoje acesso.
As reservas obrigatórias dos bancos comerciais estavam fixadas pelo Banco de Moçambique no coeficiente de 10,5% em moeda nacional e 11% em moeda estrangeira no início de janeiro de 2023 e, nos primeiros seis meses desse ano, os coeficientes foram aumentadas por duas vezes, para “absorver a liquidez excessiva no sistema bancário, com potencial de gerar uma pressão inflacionária”.
O último desses aumentos aconteceu em junho de 2023, chegando então a 39% dos depósitos em moeda nacional e 39,5% no caso de moeda estrangeira a ficarem em reserva bancária.
Desde o final de dezembro de 2022, quando ascendiam a 62.144 milhões de meticais (834 milhões de euros), o volume das reservas bancárias à guarda do banco central chegou a aumentar quase 400%, até ao final de 2024.
Face à falta de divisas no mercado interno, os empresários moçambicanos insistiram nos últimos meses na necessidade de o banco central aliviar os coeficientes de reservas obrigatórias em moeda estrangeira.
Essa decisão só surgiu em 27 de janeiro deste ano, quando o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu cortar nos coeficientes de reservas obrigatórias em moeda nacional, para 29%, e em moeda estrangeira, para 29,5%.
“Visando disponibilizar mais liquidez para apoiar a economia na reposição da capacidade produtiva e da oferta de bens e serviços”, referia-se no comunicado da reunião do CPMO.
Entretanto, o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, afirmou em 26 de março que a liquidez no sistema financeiro, nomeadamente em divisas, é suficiente, após a redução decidida em janeiro dos coeficientes, que não prevê repetir para já.
“Neste momento estamos tranquilos com o nível de liquidez que existe no sistema, não há necessidade de tocar na liquidez estrutural, mexendo com as reservas obrigatórias. Vamos manter. Não é uma coisa que se brinca, com os coeficientes”, disse o governador, questionado pelos jornalistas no final da última reunião do CPMO.
Nas reuniões de março, maio e julho, o CPMO voltou a cortar nas taxas de juro, mas manteve os coeficientes obrigatórios inalterados, com Rogério Zandamela a justificar que a medida adotada na reunião anterior “libertou muita liquidez”.
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