Reservas internacionais de Moçambique acima de 4.000 milhões de dólares em agosto

Maputo, 22 out 2025 (Lusa) – As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) moçambicanas renovaram novos máximos, de mais de quatro anos, ao crescerem em agosto para 4.035 milhões de dólares (3.475 milhões de euros), indicam dados do banco central.

Estas reservas – divisas em moeda estrangeira – tinham registado em fevereiro o valor mais baixo em cerca de um ano, recuando para 3.593 milhões de dólares (3.094 milhões de euros). Seguiram-se seis subidas mensais consecutivas, chegando a 3.995 milhões de dólares (3.440 milhões de euros) em julho e voltando renovar máximos em agosto, cobrindo então mais de três meses das necessidades estimadas de importações bens e serviços, segundo o mais recente relatório estatístico do Banco de Moçambique.

O banco central está a adotar medidas para aumentar a “fluidez” no mercado cambial, tentando redistribuir o volume de divisas disponíveis para garantir as importações, disse em 31 de julho o governador, Rogério Zandamela.

“Essas medidas não são mais nada que ajustar daqui, tirar daqui, certos recursos, pôr no outro e acompanhar melhor”, explicou o governador, em conferência de imprensa, em Maputo, no final de uma reunião do Comité de Política Monetária (CPMO).

“Perspetiva-se um aumento da fluidez no mercado cambial. Com vista a impulsionar as vendas ao público, o Banco de Moçambique reduziu recentemente os limites de retenção diária de divisas adquiridas pelos bancos. Esta medida complementa a decisão do aumento da taxa mínima de conversão de receitas de exportação, de 30% para 50%, o que implica maior disponibilidade e acesso às divisas”, acrescentou, sobre as conclusões da reunião.

Respondendo aos jornalistas, após a comunicação, tendo em conta as preocupações dos empresários com a falta de acesso a divisas, nomeadamente para garantir importações, Zandamela apontou que “havia a necessidade de ajustar certos segmentos de liquidez”.

“Eu repito, isso é muito importante. Uma coisa é a distribuição agregada da liquidez, se ela existe como um todo no nosso sistema, e a outra coisa é se está adequadamente distribuída entre os vários segmentos do país, entre os exportadores, entre os importadores, entre os investidores”, disse.

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, acusou em julho a banca de “criar” escassez de divisas e transformá-la em “oportunidade de negócio”, alertando que nunca faltou moeda estrangeira para distribuição de dividendos.

“Quando há escassez da moeda estrangeira, começa-se a transformar essa escassez em oportunidade de negócio. Isto acontece até nos bancos comerciais, [onde] vocês fazem negócio todos os dias. Não há uma verdadeira escassez [de divisas], é uma escassez criada”, disse Daniel Chapo, em 15 de julho, num encontro com os empresários locais, na província de Sofala, centro de Moçambique.

A Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique, maior associação empresarial do país, alertou em 18 de fevereiro que a falta de divisas no mercado nos bancos estava a afetar as operações, sobretudo nos setores de saúde, aviação, combustíveis e importação de produtos alimentares.

 

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