QUADRO DE TARSILA DO AMARAL VAI A LEILÃO COM LANCE MÍNIMO RECORDE PARA O BRASIL

São Paulo 15 dez 2020 (Lusa) — O quadro “A Caipirinha”, da pintora Tarsila do Amaral, vai a leilão na quinta-feira, com um valor-base de 47 milhões de reais (7,5 milhões de euros), o maior valor já pedido por uma obra de um artista brasileiro.

A tela pertencia Salim Taufic Schahin, do banco Schahin, mas foi confiscada por decisão judicial após investigações da Lava Jato ligarem o empresário aos esquemas de corrupção descobertos na Petrobras e noutras empresas e instituições públicas no país.

O quadro “A Caipirinha” foi finalizado em Paris, em 1923. A palavra ‘caipira’ era – e ainda é – usada no Brasil para descrever pessoas que moram no campo, que têm hábitos e modos rudes devido a pouca instrução ou escasso convívio social.

A própria Tarsila do Amaral, numa declaração célebre, afirmou que esperava aprender arte com os ‘caipiras’ do interior do Brasil, fora da academia.

“Sou profundamente brasileira e vou estudar o gosto e a arte dos nossos caipiras. Espero, no interior, aprender com os que ainda não foram corrompidos pelas academias”, disse a artista, quando voltou ao Brasil, regressada de Paris.

A pintora brasileira, ícone do modernismo, nasceu em 1886, no interior do estado de São Paulo, e estudou na Académie Julian, em Paris.

Regressou ao seu país para participar na Semana de Arte Moderna em São Paulo, em 1922, que marcou a afirmação do Modernismo brasileiro, mas artes e nas letras, e fez parte do núcleo do movimento modernista brasileiro, com os poetas Mário de Andrade, Paulo Menotti del Picchia e Oswald de Andrade, companheiro da pintora.

Nas temporadas passadas em Paris, estudou nos ateliers de mestres cubistas franceses como André Lhote e Fernand Léger, onde desenvolveu o seu estilo de pintura, que o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque descreveu, em 2018, quando organizou uma grande exposição de sua obra, como técnica que “emprega linhas sintéticas, volumes sensuais e uma sumptuosa palete de cores que retrata paisagens e cenas do quotidiano”.

Durante a ditadura de Getúlio Vargas, Tarsila tornou-se marxista e viajou para a Rússia. No regresso, foi presa durante um mês pelas suas convicções políticas. Abandonou a representação imaginativa da natureza e adotou uma forma de expressão com uma temática mais social.

Tarsila do Amaral morreu em 1973 aos 86 anos.

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