PR hondurenha toma hoje posse com pandemia, pobreza e corrupção como desafios

Tegucigalpa, 27 jan 2022 (Lusa) — Uma situação económica precária, o agravamento da pandemia de covid-19, altos índices de pobreza, corrupção e tráfico de droga são alguns dos desafios que enfrentará a nova Presidente das Honduras, Xiomara Castro, que assume hoje o cargo.

É opinião unânime entre os analistas que Xiomara Castro, mulher do antigo Presidente Manuel Zelaya, tomará o poder em circunstâncias muito difíceis e complexas.

Como em muitos outros países, a crise económica acentuou-se com a pandemia que, desde março de 2020, atingiu 388.000 casos no país e fez 10.500 mortos.

A pandemia causou também quebras na produção ou o encerramento temporário de micro, pequenas, médias e grandes empresas, o que fez com que cerca de 500.000 pessoas tenham ficado desempregadas, segundo fontes do setor.

O país sofreu igualmente, em novembro de 2020, graves danos nas infraestruturas e na economia devido às tempestades tropicais Eta e Iota.

Segundo os analistas, antes da pandemia, a pobreza afetava mais de 60% dos 9,5 milhões de hondurenhos, mas dois anos volvidos, e com os danos causados pelas tempestades, o número de pobres ultrapassa os 70% da população.

Segundo organismos como o Fórum Social da Dívida Externas das Honduras (FOSDEH), a débil economia do país não colapsou devido às remessas que anualmente enviam mais de um milhão de imigrantes hondurenhos que vivem no estrangeiro, sobretudo nos Estados Unidos — em 2021, atingiram o valor de 7.500 milhões de dólares, o que ronda 25% do Produto Interno Bruto (PIB).

Embora desde que foram anunciados os resultados das eleições gerais se soubesse que o Livre, o partido liderado por Xiomara Castro, não teria maioria no parlamento, porque só obteve 50 dos 128 deputados que o compõem, a situação complicou-se com a crise surgida nesse órgão, fundado em 2011.

O Livre ficou com 32 deputados, quando 18 dos 50 iniciais decidiram não apoiar como candidato à presidência do novo parlamento Luis Redondo, do Partido Salvador de Honduras (PSH), cujo nome surgiu de uma aliança com a formação da nova Presidente da República.

O acordo do Livre com o líder do PSH, Salvador Nasralla, implicava que este escolheria o candidato para presidir ao parlamento, sem se imaginar que tal desencadearia uma nova crise no país.

Xiomara Castro também terá de combater a corrupção ao mais alto nível deixada pelo Presidente cessante, Juan Orlando Hernández, cujos dois períodos no poder foram manchados por denúncias, algumas a partir dos Estados Unidos, de alegadas ligações ao tráfico de droga, o que o governante tem reiteradamente negado.

Uma das promessas de Xiomara Castro para travar esse flagelo nas Honduras é a criação de uma comissão internacional contra a corrupção e a impunidade, com o apoio das Nações Unidas.

Xiomara Castro venceu as eleições presidenciais que foram realizadas em dia 28 de novembro.

A cerimónia de tomada de posse contará com a presença, entre outros representantes, da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, e dos Presidentes de El Salvador, Nayib Bukele, do Panamá, Laurentino Cortizo, e do Chile, Gabriel Boric, este último recentemente eleito.

 

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