
O chefe da polícia de Montreal, Fady Dagher, afirmou que espera mais detenções na sequência de um protesto anti-NATO que se tornou violento na sexta-feira, 22 de novembro. Entretanto, um dos organizadores do protesto denunciou, a 24 de novembro, que a reação política estava a desviar a mensagem subjacente à manifestação.
Dagher informou, a 23 de novembro, que a polícia estava ciente de quem esteve por detrás do vandalismo, incluindo janelas partidas, carros incendiados e alegadas agressões a agentes da polícia.
De acordo com a polícia, durante a marcha foram lançadas bombas de fumo, barreiras metálicas atiradas para a rua, e janelas de estabelecimentos comerciais e do centro de convenções foram partidas. Este centro acolheu os delegados da Assembleia Parlamentar da NATO, incluindo membros e Estados parceiros.
O protesto foi organizado pelo coletivo Divest for Palestine e pelo grupo anticapitalista CLAC, com o objetivo de denunciar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). Montreal foi a sede da 70.ª sessão anual da Assembleia Parlamentar da NATO, realizada de 22 a 25 de novembro.
Entre as questões discutidas no evento, destacaram-se o apoio à Ucrânia, as alterações climáticas e o futuro da aliança.
Dagher estimou que cerca de 800 pessoas participaram nos protestos organizados por vários grupos, mas alegadamente apenas entre 20 e 40 pessoas foram responsáveis pelos distúrbios.
No sábado, 23 de novembro, cerca de 80 pessoas participaram num protesto anti-NATO no centro da cidade, exigindo a retirada do Canadá da aliança. Este protesto foi organizado pelo grupo Le Mouvement Québécois pour la Paix. Os manifestantes exibiam cartazes com frases como “Canadá fora da NATO” e entoavam cânticos de “solidariedade com a Palestina”.
Os protestos foram condenados por políticos de várias tendências, que os classificaram como atos de antissemitismo. Um dos organizadores rejeitou esta acusação, argumentando que os protestos eram dirigidos às ações do Estado de Israel e não contra o povo judeu.
No domingo, 24 de novembro, o coletivo Divest for Palestine denunciou o que descreveu como “tentativas desonestas” de políticos de distorcer as “mensagens antimilitaristas, anti-imperialistas e anticolonialistas” expressas pelos manifestantes.
O grupo acrescentou que o objetivo da manifestação era protestar contra o que descreveu como a “cumplicidade da NATO com os militares de Israel, que conduzem o genocídio em Gaza e os crimes de guerra no Líbano e na Síria”, entre outras injustiças na região.
Na 70.ª sessão anual da Assembleia Parlamentar da NATO, a 25 de novembro, Justin Trudeau reiterou que a manifestação tumultuosa e violenta de 22 de novembro era inaceitável num país democrático que defende a liberdade de expressão e o direito ao protesto.
Contudo, Trudeau sublinhou que o direito ao protesto não justifica discursos de ódio, violência ou antissemitismo, e afirmou que os responsáveis pelos incidentes violentos devem ser responsabilizados legalmente.
