Polícia brasileira mata oito pessoas em operação no litoral de São Paulo

São Paulo, 31 jul 2023 (Lusa) – O governador do estado brasileiro de São Paulo, Tarcísio de Freitas, confirmou hoje que oito pessoas morreram numa operação da polícia no último fim de semana na cidade do Guarujá, iniciada após o assassínio de um agente da Polícia Militar.

“Foram oito mortes neste final de semana. A polícia quer evitar a todo custo um confronto, mas a partir do momento que eles são assediados, infelizmente ocorre um confronto (…) A polícia reage e vai reagir para repelir a ameaça”, declarou o governador numa conferência de imprensa.

O balanço do governo regional de São Paulo contradiz a versão do ouvidor da polícia ‘paulista’, Cláudio Aparecido da Silva, que afirmou que o número de mortos chegava a pelo menos dez.

Segundo o governador, durante a ação “não houve hostilidade” ou desmandos, mas sim uma “atuação profissional” dos polícias, na qual também foram presas 10 pessoas, entre elas o suspeito de atirar contra o polícia militar Patrick Bastos, de 30 anos, que foi morto na quinta-feira numa favela do Guarujá enquanto fazia um patrulhamento de rotina.

A operação começou na sexta-feira, um dia após o assassínio. As autoridades do governo regional de São Paulo mobilizaram uma equipa de 600 agentes do litoral paulista e iniciaram a operação que, segundo o governador, vai continuar nos próximos dias.

No domingo, o investigador de denúncias da polícia de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva, referiu que o número de mortos subiu para pelo menos 10 pessoas. Ele também citou denúncias feitas por organizações de defensores dos direitos humanos e moradores do Guarujá, município onde ocorreram os factos, sobre ameaças e torturas que teriam sido realizadas por agentes de segurança.

“Este Gabinete tomou conhecimento das denúncias, já instaurou um processo e tomou medidas contra as instituições do Estado e da sociedade civil. Estamos a refletir juntos sobre as formas de travarmos as violações que estão a ocorrer”, disse Aparecido da Silva.

O suspeito de atirar e matar o polícia militar, preso no domingo, foi identificado como Erickson David da Silva, que teria ligação com uma quadrilha de traficantes da região.

Apesar da captura do suspeito e de outras nove pessoas, moradores do município disseram que os militares estão a torturar e a matar “todo mundo” e que prometeram matar mais 60 pessoas em várias favelas da cidade, segundo a ‘media’ local.

Na manhã desta segunda-feira, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, questionou as informações da investigação e defendeu que as mortes foram uma resposta proporcional.

“Nós reagimos com essa violência na mesma proporção com que eles atacam as polícias”, concluiu o secretário.

CYR / VM

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