PIB angolano cresceu na última década, mas poupança e investimento caíram

Luanda, 14 jul 2025 (Lusa) — O Produto Interno Bruto (PIB) angolano recuperou nos últimos anos, mas os níveis de poupança interna e investimento registaram uma queda acentuada, atingindo em 2024 os valores mais baixos da década, revelam as estatísticas angolanas.

 Segundo as Contas Nacionais 2015–2024, divulgadas na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, a poupança bruta caiu para 15,77% do PIB em 2024, o valor mais baixo da última década, depois de um pico de 30,68% em 2018, enquanto a taxa de investimento recuou para 10,39%, menos de metade do valor registado em 2015.

A economia angolana apresentou sinais de recuperação após anos de recessão, com o PIB a preços correntes a crescer de cerca de 15,8 biliões de kwanzas (15,2 mil milhões de euros) em 2015 para 101,9 biliões de kwanzas (98 mil milhões de euros) em 2024, um crescimento médio anual de 23%.

No entanto, este crescimento não tem em conta o nível de inflação acumulada neste período.

Entre 2015 e 2024, o PIB registou oscilações significativas. Depois de uma queda acentuada em 2020, de 4,04%, observou-se uma recuperação a partir de 2021, de 2,10%, com tendência de crescimento, atingindo 4,42% em 2024, o valor mais elevado do período analisado.

A tendência descendente da poupança bruta, que representou mais de 30% do PIB em 2018, foi seguida pela poupança em percentagem da renda disponível, que caiu para 16,91% em 2024, quase metade do valor registado seis anos antes.

O relatório do INE mostra ainda que o peso dos salários na economia diminuiu substancialmente, passando de 26,48% do PIB em 2015 para 19,46% em 2024, enquanto os lucros empresariais e rendimentos de trabalhadores independentes (Excedente Operacional Bruto e Rendimentos Mistos) aumentaram de 71,30% para 77,82%.

O investimento também sofreu uma retração estrutural, passando de 28,66% do PIB em 2015 para 10,39% em 2024.

Em contrapartida, no que diz respeito à necessidade/capacidade de financiamento, o indicador mostrou necessidade de financiamento entre 2015 e 2017, mas, a partir de 2018, passou a haver capacidade líquida de financiamento, alcançando 5,40% em 2024.

 

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