Pensionistas são-tomenses querem aumento, Governo admite avaliar em 2026

São Tomé, 13 nov 2025 (Lusa) –  Mais de cinco mil reformados são-tomenses querem aumento da pensão atual, de cerca de 48 euros mensais, ou outros apoios do Governo, alegando que estão “numa situação muito difícil”, mas o executivo admite avaliar a situação apenas em 2026.

“Nós, os idosos, não temos acesso a medicamentos, não temos nada. Recebemos 1.200 dobras […] Que situação é esta em que estamos a viver? Apelamos ao Governo que olhe por nós”, lamentou o vice-presidente do grupo de reformados, José Silva, em declarações à Lusa.

José Silva sublinhou que o grupo é composto por pessoas que deram muitos contributos ao país, antes e após a independência, por isso, merecem melhores apoios.

“Queremos que o Governo veja a nossa situação, que está mal”, apelou.

Segundo os pensionistas, as pessoas com mais de 65 anos têm direito a consultas grátis no sistema nacional de saúde, mas não tem sido suficiente, por isso, apelam por outros apoios, nomeadamente cabazes alimentícios, isenção na compra de medicamentos e isenção no pagamento das faturas de eletricidade.

 O secretário da comissão do grupo de reformados, Armindo Duarte, acrescentou que muitos têm menores a seu cargo e enfrentam dificuldades para garantir o sustento das famílias.

“Estamos numa situação muito difícil e dura. Demos tanto, trabalhámos, formámos crianças que hoje são doutores, ministros, e agora somos colocados neste inferno, onde ganhamos 1.200 dobras e gastamos cerca de 40 dobras por dia, o que nem chega para comer”, lamentou, Armindo Duarte.

Segundo Duarte, o ministro das Finanças, Gareth Guadalupe, comprometeu-se, durante uma reunião com representantes do grupo, a levar a questão ao Conselho de Ministros para análise.

“O atual Governo disse que ninguém fica para trás […] estamos a contar com o ministro das Finanças porque ele disse que será o nosso advogado”, sublinhou, Armindo Duarte.

Os pensionistas alertaram que, caso não sejam tomadas medidas concretas, irão mobilizar os reformados a absterem-se de votar nas eleições de 2026 como forma de protesto.

O diretor do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), Gilmar Benguela, disse à Lusa que esta instituição e o ministro da tutela compreendem as inquietações dos reformados e já analisaram o assunto com a comissão, admitindo que o valor da pensão não satisfaz o custo de vida atual.

Gilmar Benguela sublinhou que, “em menos de dois anos, a Segurança Social fez uma atualização de pensão de quase 50%”, precisando que em 2023 o valor era 800 dobras, subindo para 1.000 em 2024 e, em janeiro, atualizou-se para 1.200.

“É natural que o valor continua a ser baixo”, admitiu, sublinhando que não se deve ignorar que “o valor da pensão normalmente tem correspondência” com o valor que se auferiu ao longo da vida laboral.

Contudo, Gilmar Benguela adiantou que “a Segurança Social está trabalhar no sentido de fazer uma proposta de [aumento da] pensão para o Governo para o ano 2026”.

Além disso, sublinhou que tem havido alguma frequência na atribuição de subsídio de natal aos pensionistas, e o apoio deverá repetir-se também neste ano.

 

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