Partidos timorenses satisfeitos com adesão à ASEAN, oposição adverte para o setor económico

Díli, 22 out 2025 (Lusa) — Os cinco partidos timorenses com assento parlamentar manifestaram satisfação com a adesão de Timor-Leste à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), um “interesse nacional”, mas a oposição alertou para a necessidade de continuar a fortalecer o setor económico.

“A adesão de Timor-Leste à ASEAN é um interesse nacional desde a luta pela autodeterminação, entre 1974 e 1975”, disse à Lusa a deputada da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), Lídia Norberta.

A deputada sublinhou que a Fretilin sempre apoiou o processo através das discussões legislativas no parlamento, mas defendeu que é preciso ter em conta determinadas situações que exigem prudência, nomeadamente as de natureza económica e de competitividade no mercado.

“Esperamos que, mesmo aderindo à ASEAN, o Governo crie todas as condições, sobretudo no setor económico, para que a nossa economia não dependa do exterior”, afirmou Lídia Norberta.

Por seu lado, a deputada do Partido Democrático (PD) Maria Teresa Gusmão manifestou a sua grande satisfação pelo facto de o processo ter finalmente sido concluído e Timor-Leste se tornar membro da ASEAN.

“Foi uma luta longa e difícil. O processo de registo e adesão à ASEAN não foi nada fácil, devido às exigências legais e regulamentares existentes”, afirmou a deputada da bancada do Governo.

O deputado Patrocínio Fernandes, do Congresso Nacional de Reconstrução Timorense (CNRT, no poder), destacou que a adesão representa um grande avanço para a diplomacia e a cooperação internacional e regional de Timor-Leste.

“Pensamos que esta participação trará novas esperanças para Timor-Leste, contribuindo para o desenvolvimento económico e permitindo uma maior integração do país nos mercados internacionais”, declarou o deputado.

No plano político, acrescentou, a adesão “reforçará as relações diplomáticas de Timor-Leste com muitos países, especialmente com os grandes grupos do Sudeste Asiático e da própria ASEAN, permitindo uma melhor contribuição para a paz e unidade na região”.

O deputado do Klibur Halibur Nasional Timor Oan (KHUNTO), Luís Roberto, disse que a expetativa é que a adesão “sirva para consolidar a estabilidade política”, salientando que a “chave para o desenvolvimento é a paz e a estabilidade”.

“Tornar-se membro pleno da ASEAN trará maior circulação de pessoas e de capital estrangeiro, e uma economia mais dinâmica. Por isso, precisamos de criar leis adequadas que ofereçam boa proteção”, afirmou Luís Roberto, acrescentando que o sucesso da adesão pertence a todos.

O vice-presidente da bancada do Partido de Libertação Popular (PLP), Hélder Freitas, conhecido por “Kamarudin”, afirmou que Timor-Leste deve estar unido e deve também “preparar a economia para poder competir com os outros países”.

Timor-Leste vai tornar-se no domingo o 11.º Estado-membro da ASEAN, durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo desta organização do sudeste asiático, que se vai realizar em Kuala Lumpur, na Malásia, 14 anos depois de ter apresentado o pedido de admissão.

A ASEAN foi criada em 1967 pela Indonésia, Singapura, Tailândia, Malásia e Filipinas, e integrada mais tarde pelo Brunei Darussalam, Camboja, Laos, Myanmar e Vietname.

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