Oposição cabo-verdiana pede mais viagens interilhas para a Brava

Praia, 23 jun 2025 (Lusa) — O PAICV, maior partido da oposição cabo-verdiana, exigiu hoje maior fiscalização à concessionária de transporte marítimo e a modernização urgente da frota, após meses de condicionamentos que prejudicam o dia-a-dia da população da Brava.

“Exigimos uma fiscalização rigorosa do desempenho da CV Interilhas”, empresa concessionária do serviço público, “com medidas concretas contra os incumprimentos” em relação ao serviço para aquela ilha, afirmou o deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) Clóvis Silva, em conferência de imprensa.

O deputado pediu também “um plano urgente para a modernização e reforço da frota marítima, garantindo um serviço fiável e digno para a população”.

O partido defende o cumprimento integral do contrato original, com a reposição das seis viagens semanais e da pernoite na Brava, e um diálogo aberto com a população para ouvir e respeitar as suas necessidades.

O deputado recordou que, pelo contrato assinado em 2019, a CV Interilhas deveria garantir seis viagens por semana e pernoitar na ilha.

Contudo, uma alteração feita em 2023 reduziu a frequência para apenas três viagens semanais e eliminou a pernoita.

“Esta mudança, que deveria ser temporária até à introdução de novos navios, revelou-se insuficiente e desrespeitosa para com os bravenses, que continuam a sofrer com a falta de um transporte marítimo digno e regular”, disse.

Clóvis Silva referiu que, durante as festas de São João Batista, os atrasos e cancelamentos comprometeram as celebrações, obrigando artistas e emigrantes a desistirem do festival de música e gerando custos para o município.

“O festival de música, um dos pontos altos, não pôde acontecer a tempo porque o navio só chegou à Brava por volta das 02:00 da madrugada, obrigando a maioria das pessoas a regressar a casa. Este atraso gerou custos avultados para a edilidade, que investiu na organização do evento”, acrescentou.

Há cerca de uma semana, duas dezenas de bravenses manifestaram-se para exigir melhores transportes entre as ilhas.

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, reconheceu, na última semana, os constrangimentos nas ligações interilhas, admitindo que aumentam a desconfiança no sistema de transportes, com impactos negativos a nível nacional.

Garantiu que o Governo está empenhado em resolver os problemas técnicos e operacionais e assegurar a regularidade do serviço.

Dois dos quatro navios da CV Interilhas sofreram acidentes, em fevereiro e abril, e permanecem fora de circulação.

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