OFENSIVA TURCA CONTRA AS MILÍCIAS CURDAS DURA DESDE 20 DE JANEIRO EM AFRINE

LusaBeirute, 18 mar (Lusa) — O exército turco conduz desde 20 de janeiro uma ofensiva contra uma milícia curdo-síria, que considera “terrorista”, tendo assumido hoje o controlo da cidade capital do enclave que os combatentes curdos dominavam no norte da Síria.

Alvo da ofensiva são as Unidades de Proteção do Povo (YPG), ligadas segundo Ancara ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que combate o Estado turco há mais de 30 anos, mas também aliadas dos Estados Unidos na luta contra os ‘jihadistas’ na Síria.

Depois de Washington ter anunciado a criação de uma “força fronteiriça” no norte da Síria, que integraria combatentes curdos, Ancara lançou a 20 de janeiro uma ofensiva terrestre e aérea designada “Ramo de Oliveira” contra as YPG na região de Afrine.

Damasco condena “a brutal agressão da Turquia”, enquanto a Rússia se declara “preocupada”, apesar de Ancara dizer que conta com o acordo dos russos. A milícia curda declara que também responsabilizará a Rússia pelos ataques dos turcos.

A 21 de janeiro, tanques e militares turcos entram na região de Afrine. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, indica que o objetivo é estabelecer uma “zona de segurança” de 30 quilómetros a partir da fronteira com o seu país.

O Departamento de Estado norte-americano apela à Turquia para “dar mostra de contenção”, mas o secretário da Defesa, Jim Mattis, assegura que Ancara alertou Washington antes de lançar a operação e considera que as preocupações da Turquia sobre a sua segurança são “legítimas”.

As Forças Democráticas Sírias (FDS), coligação curdo-árabe que integra as YPG, apela à coligação internacional conduzida pelos Estados Unidos para “assumir as suas responsabilidades”.

A 23 de janeiro, as autoridades locais curdas decretam a “mobilização geral” e no dia seguinte são lançados ‘rockets’ a partir da Síria sobre a cidade fronteiriça turca de Kilis.

O presidente norte-americano, Donald Trump, “exorta a Turquia a reduzir e limitar as suas ações limitares” e pede ao seu homólogo para evitar “qualquer ação que possa provocar um confronto entre as forças turcas e norte-americanas”, segundo a Casa Branca.

Fontes oficiais turcas contestam estas informações no dia 25 de janeiro, indicando que “o presidente Trump não exprimiu preocupação (acerca) de uma escalada da violência” em Afrine.

A 26, Erdogan ameaça estender a ofensiva a Minjeb, cidade também controlada pelos curdos no norte da Síria, e no dia seguinte Ancara pede aos Estados Unidos para retirarem os seus militares do local.

A 20 e 21 de fevereiro, forças leais ao regime sírio são destacadas para o enclave de Afrine. A Turquia afirma que considera como um “alvo legítimo” qualquer grupo que venha ajudar as YPG e destaca a 26 unidades das forças especiais da polícia.

A 8 de março, as forças turcas e os grupos rebeldes pró-Ancara assumem o controlo da cidade de Jandairis.

A cidade de Afrine é cercada com exceção de um corredor utilizado pelos civis para fugirem. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), mais de 200.000 civis conseguem abandonar a cidade entre 14 e 17 de março.

Hoje, as forças turcas e os seus aliados sírios entraram em Afrine. O presidente turco afirmou que os combatentes sírios apoiados por Ancara assumiram o controlo “total” da cidade.

Mais de 1.500 combatentes curdos morreram em dois meses de ofensiva e esta já permitiu às forças pró-Ancara controlarem 87% do território do enclave, segundo o OSDH.

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