
Maputo, 15 set 2025 (Lusa) – As vendas da estatal Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) alcançaram 34,6 milhões de euros entre maio e agosto, com a nova gestão da companhia alertando para “interesses” que ainda tentam atrasar a reestruturação da empresa.
O aumento “resulta de melhorias na consistência dos voos e um ligeiro aumento dos lugares oferecidos”, avança-se na informação divulgada hoje pela empresa, referindo-se aos resultados imediatos dos últimos quatro meses, no âmbito da reestruturação da companhia moçambicana.
No documento, a companhia indica que a média das vendas desde o início do ano até maio manteve-se na ordem de nove milhões de dólares (7,6 milhões de euros), iniciando uma ligeira subida no mês seguinte até alcançar pouco mais de 11 milhões de dólares (9,3 milhões de euros) em agosto, totalizando pouco mais de 40 milhões de dólares (34,6 milhões de euros) nos últimos quatro meses.
No mesmo documento indica-se que estas vendas são resultado da aquisição de uma nova aeronave, maior controlo sobre emissão de bilhetes e receitas geradas, controlo de vendas a crédito e maior rigor na cobrança de dívidas e centralização do processo de compra de bens e serviços.
Houve ainda “reforço do papel da auditoria interna para melhorias de controlos internos, amortização e planos de pagamentos para amortização de dívidas com fornecedores críticos de equipamentos aeronáuticos”, incluindo pagamento da dívida à organização internacional IATA.
Em conferência de imprensa, hoje, em Maputo, o presidente do conselho de administração da empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), que integra a nova estrutura acionista, disse que a LAM está a conseguir resultados financeiros que lhe permitem cobrir as suas operações, incluindo liquidar dívidas com fornecedores.
“Hoje há muitas entidades interessadas em alugar aviões da LAM, no passado era impossível, bastava ouvir falar da LAM, as pessoas batiam a porta e viravam-nos as costas, mas hoje percebem que conseguimos pagar”,disse Agostinho Langa.
A LAM avançou com a centralização do sistema integrado de gestão da empresa em substituição dos anteriores 11, o que permitiu racionalizar os recursos sobretudo na aquisição de bens e serviços, conforme informação partilhada hoje.
A companhia enfrenta há vários anos problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves, estando atualmente num profundo processo de reestruturação.
Em maio foi aprovada a nomeação de um conselho de administração não executivo, composto por representantes das três empresas estatais que este ano passaram a ser acionistas da LAM, Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e Empresa Moçambicana de Seguros (Emose).
Para minimizar os recorrentes problemas com cancelamento de voos, a LAM vai comprar até cinco aviões Boeing 737-700, num processo conduzido pela Knighthood Global, consultora contratada pelos novos acionistas para assessorar a reestruturação da companhia.
Nas mesmas declarações aos jornalistas, o presidente dos CFM adiantou que estes novos cinco aviões vão ser adquiridos até à primeira quinzena de dezembro, com estudos de viabilidade em andamento para abertura de novas rotas.
“Em nenhum momento prometemos ir buscar aviões novos (…) se quisermos um avião Boeing novo teríamos que esperar cerca de três anos para termos esse avião, mas nós queremos aviões para ontem”, explicou Agostinho Langa.
Nas mesmas declarações, Langa avisou que a reestruturação da LAM “precisa de algum tempo e de “de alguma paciência não só da população, mas também do próprio Governo”.
“Temos apelado que isto vai levar algum tempo e não vai ser naquela velocidade que era de se esperar, porque há alguns interesses tanto internos como externos que têm puxado no sentido contrário, estão a tentar atrasar um bocado este processo”, disse.
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