NIcolás Maduro acusa Estados Unidos de quererem recursos naturais da Venezuela

Caracas, 03 set 2025 (Lusa) – O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou os Estados Unidos de enviarem navios de guerra para as águas ao largo da Venezuela porque querem os “recursos naturais” do país sul-americano, incluindo petróleo, gás e ouro.

“Estão a vir (…) pelo petróleo venezuelano, querem-no de graça, pelo gás”, disse na terça-feira Maduro, que afirmou que o país tem também “a quarta maior reserva de gás do mundo” e “uma das maiores” reservas globais de ouro.

Num evento transmitido pelo canal estatal Televisão Venezuelana, o líder reiterou que os EUA mobilizaram “oito navios de guerra” e 1.200 mísseis junto à costa do país.

Maduro voltou a rejeitar o argumento de Washington de que se trata de uma operação para combater o tráfico de droga, descrevendo-o como uma “história, uma lenda em que ninguém acredita”.

“A juventude dos Estados Unidos não acredita nas mentiras do mandachuva da Casa Branca, Marco Rubio, porque quem manda na Casa Branca é Marco Rubio, a máfia de Miami, que quer sujar as mãos do Presidente Donald Trump com sangue”, disse o chefe de Estado.

Horas antes, Trump anunciou nas redes sociais que as Forças Armadas norte-americanas realizaram um ataque contra “os narcoterroristas” do Tren de Aragua (TDA) no qual morreram alegadamente 11 “terroristas”.

“O TDA é uma Organização Terrorista Estrangeira (…), operando sob o controle de Nicolas Maduro, responsável por homicídios em massa, tráfico de drogas, tráfico de pessoas e atos de violência e terror em todos os Estados Unidos e no Hemisfério Ocidental”, acrescentou.

Segundo o presidente dos Estados Unidos, o ataque ocorreu enquanto os terroristas estavam no mar, “em águas internacionais, transportando narcóticos ilegais, a caminho dos Estados Unidos” e deste resultaram “11 terroristas mortos em combate”, mas nenhum elemento das Forças dos EUA foi ferido no ataque.

Em resposta, o ministro das Comunicações da Venezuela, Freddy Ñáñez, afirmou que as imagens partilhadas por Trump foram criadas com inteligência artificial.

Maduro não fez qualquer referência ao ataque durante o evento público de terça-feira.

Mais de quatro mil militares, incluindo aproximadamente dois mil fuzileiros navais, juntamente com aeronaves, navios com capacidade antimíssil, foram mobilizados por Washington para patrulhar as águas próximas da Venezuela e das Caraíbas para combater os cartéis de droga.

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, garantiu na semana passada que a iniciativa de Washington conta com o apoio de países como a Argentina, Paraguai, Equador, Guiana e Trinidade e Tobago, e que os seus governos manifestaram disponibilidade para colaborar em ações conjuntas contra o narcotráfico.

Na quinta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou aos Estados Unidos e à Venezuela para que “resolvam as diferenças por meios pacíficos”.

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