Netanyahu dirige-se às tropas israelitas antes de “etapa decisiva”

Jerusalém, Israel, 02 set 2025 (Lusa) – O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, dirigiu-se hoje às suas tropas, numa mensagem em que alerta para o início de uma “fase decisiva” na guerra contra o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.

“Enfrentamos agora a fase decisiva. Acredito em vós, confio em vós e todo o país vos abraça”, disse o chefe do Governo num vídeo divulgado pelo seu gabinete, dirigido aos militares e às suas famílias.

Netanyahu saudou as “maravilhas” que o Exército realizou durante quase dois anos de guerra, referindo-se aos confrontos com o Hezbollah no Líbano e com os Huthis no Iémen, os bombardeamentos no Irão, além da queda do regime sírio de Bashar al-Assad.

“Mas o que começou em Gaza deve terminar em Gaza”, frisou.

A mensagem foi divulgada depois de o chefe do Estado-Maior do Exército israelita, Eyal Zamir, ter afirmado, durante uma visita a uma base de recrutamento, que Israel se prepara para intensificar os seus ataques à Cidade de Gaza em antecipação da invasão terrestre ordenada por Netanyahu.

“Vamos aumentar e intensificar os ataques da nossa operação, e é por isso que os convocámos”, disse Zamir durante uma visita à base de Nachshonim, onde se dirigiu a alguns dos milhares de reservistas que se apresentaram hoje ao serviço.

Zamir afirmou no seu discurso que as tropas israelitas estão a entrar em locais onde nunca tinham estado antes e que a invasão terrestre da Cidade de Gaza já começou.

“Os nossos inimigos, no dia 07 de outubro e desde então, uniram-se por todo o Médio Oriente na tentativa de nos prejudicar e destruir. Estamos a operar contra todos eles, constantemente, com determinação”, declarou o comandante militar aos reservistas, referindo-se aos ataques do Hamas que desencadearam o conflito na Faixa de Gaza e que se alargaram a outros países da região.

O comandante das forças armadas acrescentou que Israel não interromperá a guerra até obter uma “vitória definitiva” contra o grupo palestiniano.

“O Hamas não terá onde se esconder de nós. Onde quer que os localizemos, sejam eles autoridades de alto nível ou figuras de baixo nível, vamos atacá-las a todo o momento”, afirmou ainda Zamir, que, antes da aprovação dos planos do executivo israelita para a nova fase da guerra na Faixa de Gaza, manifestou objeções, por receios de que a ofensiva possa colocar a vida dos reféns em perigo.

Milhares de reservistas foram hoje convocados para apoiar a primeira fase da conquista da capital do enclave palestiniano, embora, segundo os meios de comunicação social nacionais, muitos tenham solicitado isenções por motivos pessoais ou económicos.

Na sua mensagem vídeo hoje divulgada, Benjamin Netanyahu reconheceu que os soldados “pagaram um preço elevado, tanto no trabalho como em casa e na escola”, ao longo dos últimos meses com várias frentes de combate abertas.

“Estamos a travar uma guerra justa e obstinada”, defendeu o primeiro-ministro israelita, reafirmando que um dos objetivos da ofensiva militar na Faixa de Gaza é recuperar os 48 reféns em posse das milícias palestinianas, dos quais se calcula que 20 estejam vivos.

Familiares dos reféns exigem, porém, que o Governo israelita chegue a um acordo com os islamitas para pôr fim à guerra e recuperar em segurança as pessoas em cativeiro, acusando Netanyahu de continuar a ofensiva por motivos políticos.

A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala no enclave palestiniano, que já provocou mais de 63 mil mortos, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e um desastre humanitário sem precedentes na região.

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