Mundial2026: Adeptos em filas procuram alternativas após bilhetes esgotarem na capital cabo-verdiana

Praia, 09 set 2025 (Lusa) — Na capital cabo-verdiana, adeptos formam filas à espera de alternativas para assistir ao jogo da seleção nacional contra os Camarões, após os bilhetes esgotarem, enquanto camisolas, bandeiras e outros artigos vendem-se mais do que o habitual.

“Aqui na Federação Cabo-verdiana de Futebol disseram que os bilhetes já terminaram, mas hoje é um dia decisivo e acho que deveriam estar disponíveis para todos os que querem ir ao Estádio Nacional ver o jogo”, afirma Ivanilson Moreno, de 24 anos, à porta da instituição, numa fila à espera de soluções.

O jovem conta que chegou à federação às 08:00 (10:00 em Lisboa), um dos pontos de venda e que tentava comprar bilhete há três dias, mas que não teve sucesso devido às longas filas.

“Eu vou continuar a esperar aqui porque tenho de estar no campo hoje. Em casa não há tanta emoção e vibração. Acho que vamos ganhar”, acrescenta.

Ivanilson relata ainda que há “muita venda de cachecóis, camisolas, muito mais do que os dias normais”.

“Eu já comprei a camisola, mas agora não tenho o bilhete para ir”, lamenta.

Também à espera estava Jéssica Martins, de 20 anos, que percorreu vários pontos de venda, mas sem sucesso.

“O jogo vai começar já, vou ver o que fazer. Vou tentar ficar no estádio até ao final. Estou muito triste porque queria estar de perto, mas há muitas outras pessoas que não conseguiram os bilhetes”, conta ainda.

No Sucupira, maior mercado informal do país, Keven Vaz, de 25 anos, procurava bandeiras de Cabo Verde para apoiar a seleção no jogo que arranca às 15:00 (17:00 em Lisboa).

“É um jogo muito importante, na nossa casa, temos de ir apoiar. A camisola já tinha comprado dias antes porque todos estão a comprar, podia haver o risco de não encontrar. Vou para o estádio, estou muito animado e temos de ir todos unidos para garantir a vitória”, conta, referindo que hoje “há muitas pessoas na rua, ou à procura de bilhetes ou de camisolas”.

José Pereira, de 45 anos, diz que está preparado para assistir ao jogo com o filho: “Vim comprar camisolas para o jogo. Já tenho os bilhetes e vamos para o estádio daqui a pouco. Espero a vitória de pelo menos 1-0. O mais importante é ver Cabo Verde a preparar-se para o Mundial. Se ganharmos hoje, já é festa”.

Do lado do comércio, Lidiane Tavares, de 22 anos, conta à Lusa que desde segunda-feira vendeu “muitas camisas, muito mais do que nos dias normais”.

“Hoje vieram pessoas desde cedo comprar imãs, bandeiras e tudo o que fosse da seleção. Temos de ganhar hoje”, conta ainda.

Zezita Pinto, de 54 anos, também abriu mais cedo o estabelecimento, comentando que a procura por artigos da seleção estava acima do habitual.

A Federação Cabo-verdiana de Futebol anunciou hoje que que os bilhetes para o jogo de qualificação para o Mundial 2026 entre a seleção nacional e os Camarões “encontram-se totalmente esgotados, pelo que não haverá venda no Estádio Nacional”.

A instituição pediu ainda a todos os adeptos a dirigirem-se ao recinto do jogo com a “máxima antecedência, de forma a garantir uma entrada tranquila e segura”.

Pelas ruas, a movimentação é intensa.

Bandeiras decoram carros, lojas vendem camisolas e cachecóis, e colunas de música dos Tubarões Azuis ecoam pelas avenidas.

Outros adeptos já percorrem ruas e cafés na esperança de acompanhar o jogo, mesmo sem bilhete, transformando a cidade num verdadeiro palco de entusiasmo pelo futebol.

O Governo cabo-verdiano concedeu tolerância de ponto nesta tarde para permitir aos funcionários públicos da ilha de Santiago acompanharem o jogo.

O duelo entre Cabo Verde e Camarões, referente à 8.ª jornada, será decisivo para a liderança do Grupo D, quando faltam três rondas para o fim das eliminatórias.

Cabo Verde lidera o grupo com 16 pontos, seguido dos Camarões (15), Líbia (11), Angola (7), Maurícias (5) e Essuatíni (2).

Os 54 países africanos foram divididos em nove grupos de seis seleções, apurando-se diretamente os vencedores de cada grupo para o Mundial 2026.

Os quatro melhores segundos disputarão uma “final four” que decidirá a seleção africana que segue para a repescagem intercontinental, podendo elevar para dez o número de países do continente na competição, a realizar-se simultaneamente no Canadá, nos Estados Unidos e no México.

 *** Rosana Semedo (texto e vídeo) e Elton Monteiro (fotos), da agência Lusa ***

 

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