
Porto, 14 jun 2025 (Lusa) — A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, afirmou hoje que o programa do Governo social-democrata baixa os impostos dos gigantes empresariais e das grandes fortunas, enquanto a classe média vai pagar mais pela educação, pela saúde, pelos serviços públicos.
“O Governo vai baixar os impostos dos gigantes empresariais e das grandes fortunas, para torná-los mais ricos, para que possam comprar mais imóveis, mais casas” para arrendar que “vão sugar todo o salário de uma classe média que já não tem salário que sobre ao fim do mês”, disse a líder bloquista.
No dia em que o Programa do Governo foi entregue na Assembleia da República, Mariana Mortágua, que esteve reunida no Porto com líderes e apoiantes de diferentes partidos de esquerda da Europa, acusou o executivo e Luís Montenegro de pôr “a classe média a pagar mais pela educação, pela saúde, pelos serviços públicos”.
“Tudo para que os ricos fiquem cada vez mais ricos, enquanto se diz a todos os outros que o problema são os imigrantes, que a culpa de não terem casa é dos imigrantes, que a culpa de não terem trabalho é dos imigrantes, que a culpa de não terem salário é dos imigrantes”, acrescentou.
Mariana Mortágua falava no painel de encerramento “Forças para a Mudança — das Ruas para o Parlamento”, do congresso da ELA — Aliança de Esquerda Europeia para os Povos e o Planeta que decorreu sexta-feira e hoje na Alfândega do Porto, foi perentória: “A nossa responsabilidade, camaradas, é mostrar, por todos os meios que possamos, que a direita não vai melhorar a vida de ninguém, mas que é possível melhorar a vida de toda a gente”.
Para Mariana Mortágua “é preciso explicar que rever o subsidio de desemprego para incentivar a entrada no mercado laboral quer dizer reduzir o valor do subsidio de desemprego ou reduzir o tempo de acesso ao subsidio de desemprego ou obrigar as pessoas a aceitar um trabalho por um salário que é inferior ao subsídio de desemprego, para o qual descontaram enquanto trabalhavam”.
Já “atenuar a progressividade fiscal da derrama do IRC quer dizer”, no ponto de vista da bloquista, “cortar impostos aos lucros acima de um milhão e meio de euros” e “devolver a confiança ao mercado de arrendamento quer dizer fragilizar ainda mais a habitação, facilitar os despejos”, disse.
Mariana Mortágua também criticou medidas relacionadas com a educação e saúde e acusou o executivo PSD de querer “acabar com os serviços públicos universais, gratuitos”, aqueles, acrescentou, “que fundam as nossas democracias e que são na verdade o que resta do Estado Social que foi destruído”.
Mariana Mortágua fechou a intervenção com a ideia: “Um dia perguntarão a um representante da extrema-direita no futuro, que vos diga qual foi uma das suas maiores conquistas em Portugal, e ele responderá que foi o Programa de Governo de Luís Montenegro, apoiado pelo Partido Socialista”.
O Programa do XXV Governo Constitucional, saído das legislativas de 18 de maio ganhas pela coligação AD (PSD/CDS), foi entregue hoje na Assembleia da República, pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, e será discutido na Assembleia da República na terça e quarta-feira.
Na conferência de imprensa após a reunião do Governo, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, classificou o documento como “um programa ambicioso para transformar o país”, estruturado em 10 eixos prioritários, incluindo a reforma do Estado, imigração regulada, aumento de rendimentos, segurança de proximidade, habitação ou defesa.
O PCP já anunciou que irá apresentar uma moção de rejeição, mas a iniciativa dos comunistas tem chumbo certo, já que, além do PSD e CDS, também não terá o apoio do Chega e do PS.
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