
Maputo, 16 out 2025 (Lusa) – O Governo moçambicano prevê um crescimento económico de 3,2% em 2026, segundo a proposta orçamental a que a Lusa teve hoje acesso, elevando o Produto Interno Bruto (PIB) a 1,665 biliões de meticais (22,3 mil milhões de euros).
Segundo a proposta de Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para 2026, aprovado pelo Governo e que nos próximos dias segue para discussão no parlamento, este crescimento económico segue-se a 2,9% inicialmente previsto para este ano e 2,2% em 2024, em ambos os casos influenciados pelas consequências da agitação pós-eleitoral após outubro passado, que se seguem aos 5% em 2023.
Para este ano, o Governo prevê um PIB nominal de 1,544 biliões de meticais (20,7 mil milhões de euros), enquanto em 2024 foi de 1,453 biliões de meticais (19,5 mil milhões de euros).
Ainda nos pressupostos macroeconómicos do PESOE para 2026, o Governo prevê uma taxa de inflação anual de 3,7%, contra 7% esperada para este ano, 3,2% em 2024 e 7,1% em 2023, com as Reservas Internacionais Líquidas a cobrirem no próximo ano 4,4 meses das necessidades de importações estimadas, face aos 4,7 meses este ano e cinco meses em 2024.
A proposta orçamental aponta o objetivo de crescimento das exportações de 8.231 milhões de dólares (7.063 milhões de euros) este ano para 8.436 milhões de dólares (7.239 milhões de euros) em 2026, abaixo do volume de importações, que devem crescer no mesmo período de 9.254 milhões de dólares (7.940 milhões de euros) para 9.549 milhões de dólares (8.194 milhões de euros).
O objetivo é “assegurar o equilíbrio entre a importância de consolidar as contas públicas para poder estabilizar os indicadores de dívida, libertando espaço orçamental para atender às necessidades de investimento produtivo”, disse em setembro o secretário de Estado do Tesouro e Orçamento, sobre a proposta orçamental para 2026.
“Mas, também, este esforço de consolidação não deve descurar a necessidade de criar condições do ponto de vista da alocação de recursos para investimento, para permitir que a economia continue a crescer”, acrescentou.
Amílcar Tivane reconheceu que os choques e a geopolítica internacionais condicionam as previsões de Moçambique no PESOE para o próximo ano.
“Para fazer face a estes desafios, vamos continuar a trabalhar na racionalização das despesas, e duas pedras angulares deste processo são o controlo da folha salarial e a estabilização dos encargos da dívida”, explicou, reconhecendo ainda que a despesa representa um “domínio crítico” do PESOE de 2026.
“Para 2026 programamos um orçamento com nível de despesa em torno de 32% do PIB, as receitas do Estado situar-se-ão em torno de 28% do PIB e um défice fiscal em torno de 6% de PIB”, enumerou o secretário de Estado, garantindo que a diferença será financiada por donativos, endividamento interno e externo, mas com “maior contenção, para poder minimizar o risco”.
Para este ano, o Governo avançou anteriormente a previsão de um défice de 5,6% do PIB.
Amílcar Tivane detalhou igualmente que os objetivos de política orçamental para 2026 “continuarão a gravitar em torno da necessidade de reforçar a credibilidade e transparência fiscal”, bem como “pôr em prática ou acelerar um conjunto de reformas para dinamizar a arrecadação de receitas”.
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