Moçambique precisa 31,3 mil ME até 2030 para alcançar resiliência climática

Maputo, 16 set 2025 (Lusa) – O Governo moçambicano estima necessidades de financiamento de 31,3 mil milhões de euros até 2030 para alcançar a resiliência climática, conforme prevê a estratégia aprovada hoje em Conselho de Ministros.

“Estima-se que serão necessários 37,2 mil milhões de dólares [31,3 mil milhões de euros] até 2030 para alcançar uma resiliência climática do capital humano, físico e natural de Moçambique”, disse o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, após a reunião ordinária daquele órgão, hoje, em Maputo, que aprovou a Estratégia Nacional de Financiamento Climático 2025-2034.

“Moçambique está entre os dez países mais vulneráveis do mundo, estando ciclicamente exposto a ciclones, cheias, secas e inundações e com impactos económicos e sociais severos”, disse ainda Impissa, acrescentando que para “enfrentar os desafios resultantes das mudanças climáticas” e “explorar o potencial dos recursos naturais” é necessário “mobilizar recursos e fontes internas e externas” e “fortalecer as instituições públicas e privadas” para “promover uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima”, para além de “financiar as perdas e danos decorrentes”.

“A presente estratégia visa tornar Moçambique numa referência na mobilização e aplicação de recursos financeiros para a ação climática, tendo como finalidade orientar diferentes setores na mobilização de financiamento climático para aumentar os recursos financeiros, garantir a transparência e eficiência na alocação de recursos destinados à ação climática”, apontou ainda o porta-voz do Conselho de Ministros.

Impissa acrescentou que são igualmente objetivos “definir um modelo claro de governação inclusiva e um mecanismo de coordenação para o acesso ao financiamento climático, privilegiando mulheres, jovens, crianças e grupos vulneráveis”, bem como “reforçar o acesso aos mercados do carbono através da adoção de um quadro regulatório específico”. Ainda “fortalecer as instituições e o subsistema de monitoria, registo e verificação de emissões” e “elaborar e testar instrumentos-piloto de financiamento misto em setores estratégicos e mapear e estruturar iniciativas de troca de dívida por ação climática”.

O número de ciclones que atingem Moçambique “vem aumentando na última década”, bem como a intensidade dos ventos, alerta-se no relatório do Estado do Clima em Moçambique 2024, do Instituto de Meteorologia de (Inam), noticiado no final de março passado pela Lusa.

O Inam refere no documento que, apesar de o relatório fazer referência a 2024, realizou uma análise “por décadas de ciclones tropicais que atingiram Moçambique”, nas épocas ciclónicas (novembro a abril) de 1981/1982 à atual, de 2024/2025.

“Importa realçar que a metade da quinta década (2021-2030), da série climática em análise, supera a segunda e quarta décadas, por quatro ciclones. Isto é, em apenas cinco anos a costa moçambicana já foi fustigada por dez ciclones tropicais”, aponta-se no relatório anual.

Acrescenta-se que, alargando a análise ao período de 1954 a 2024, é observada “uma tendência positiva na formação de ciclones tropicais”, bem com uma “tendência de aumento de ciclones que atingem Moçambique”.

No estudo reconhece-se que houve uma “abrandamento na intensidade” dos ventos em 2023, tendência novamente invertida em 2024, nomeadamente com o ciclone tropical Chido, que atingiu o norte do país em dezembro passado, com ventos até 240 quilómetros por hora, sendo mesmo o “terceiro mais intenso a fustigar a costa moçambicana na atual década”, após o Freddy (duas entradas em terra, em 2023).

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